Curso leva infratores a pedirem por internação

13 de dezembro de 2007 09:55

Um fato inédito ocorrido esta semana na Escola João Luiz Alves, internato para jovens infratores na Ilha do Governador, aponta a profissionalização como um dos caminhos para ressocializar esses adolescentes. Quatro internos pediram à direção da unidade para não receberem progressão em suas medidas socioeducativas, somente para terem a oportunidade de concluir um curso de mecânica, iniciado no mês passado. Representantes do estado entrarão em contato com a Vara da Infância e Juventude para tentar resolver o caso.
– Não podemos manter esses garotos internados, isso não teria lógica. Vamos entrar em contato com o juizado e pedir que o restante de suas medidas seja cumprido numa outra unidade próxima. O grande problema é que eles são de municípios do interior e da Região dos Lagos. E o ideal seria que eles continuassem na Ilha do Governador, pois as aulas são diárias – disse o diretor-geral do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), Eduardo Gameleiro.
O curso tem duração mínima de oito meses e os quatro jovens devem sair da João Luiz Alves nas próximas semanas. Assim que receberem a progressão de medida, os adolescentes passarão para o regime de semiliberdade. A medida, mais branda, é cumprida em unidades de onde o jovem pode sair, por exemplo, para estudar ou visitar os familiares nos fins de semana.
– O curso vem atraindo muito a atenção dos jovens porque dá uma perspectiva de geração de renda, fato que era raro nos projetos que vinham sendo desenvolvidos no Degase – completou Gameleiro.

Projeto tem apoio do Sistema Firjan
O curso, chamado de Aprendizes da Liberdade, é resultado de uma parceria entre o Sistema Firjan e a ONG RioSolidário, comandada pela primeira-dama, Adriana Anselmo . Também há o apoio do Tribunal de Justiça e do Conselho Nacional de Justiça. Na primeira etapa do projeto, participam 80 adolescentes infratores. Estão disponíveis as disciplinas de mecânica de automóvel e eletromecânica de motocicleta.
Numa segunda etapa, está prevista a inclusão de outros 40 infratores, além de 80 detentos, com idades entre 18 e 24 anos, a serem indicados pela Secretaria de Administração Penitenciária. O projeto se insere na Lei do Aprendiz, que permite que os alunos sejam contratados.