De volta aos protestos

2 de abril de 2008 10:10

Ele deixou a sede da Polícia Federal de Boa Vista numa carreata, que festejou sua libertação. Ontem, em mais um desafio à Polícia Federal, outras duas pontes que dão acesso à Vila Surumu – próxima da que foi queimada no protesto de anteontem -, foram interditadas por caminhões e tratores de produtores. Devido ao bloqueio, o governo do estado suspendeu a entrega de merenda escolar na reserva indígena.

A PF informou que poderá pedir a prisão temporária de Quartiero para garantir a realização da operação de desocupação da reserva, confirmada para semana que vem. O produtor é apontado como o principal obstáculo para a desocupação da região.

Ao sair da PF, o arrozeiro discursou em frente ao prédio da corporação.

– Não vou me render para essa conspiração internacional que quer tomar a Amazônia do Brasil – disse ele.

Na porta da PF, dezenas de pessoas passaram horas aguardando sua saída. Para evitar maiores tumultos, os agentes interditaram a avenida em frente à sede, uma das principais de Boa Vista.

Representantes do Conselho Indígena de Roraima (CIR) formalizaram no Ministério Público Federal, na Polícia Federal e no Comitê Gestor da Presidência da República pedido de proteção e segurança às comunidades indígenas localizadas nas proximidades da estrada de acesso à reserva.

A PF confirmou a realização da Operação Upatakon 3, semana que vem. O governo pretende retirar todos os não-índios da reserva. Segundo o coordenador da operação, delegado Fernando Segovia, Quartiero ameaça contratar pistoleiros para um possível confronto com a PF.

Para retirar os arrozeiros da reserva, o governo enviará cerca de 500 homens a Boa Vista. Hoje, há cerca de 150 agentes da PF em Roraima. A PF pretende retirar cinco arrozeiros e 53 famílias de pequenos agricultores.