De zero a dez, brasileiro dá nota 4,55 para a Justiça, diz estudo do Ipea

31 de maio de 2011 15:47

O Ipea constatou que a avaliação "negativa" aparece nas diferentes faixas de idade, renda, sexo, escolaridade e região. A intenção do instituto foi verificar a percepção do cidadão sobre a Justiça.

“A relativa fragilidade na imagem pública da Justiça é generalizada na população e tende a ser mais negativa entre os que buscaram ativamente a Justiça para a resolução de conflitos ou a realização de direitos”, afirma o estudo.

presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra, afirmou nesta terça que a lentidão é um dos grandes problemas do Judiciário e atribuiu a morosidade ao número de recursos disponíveis.

Estudo

Segundo a pesquisa, na média nacional, as piores avaliações dos entrevistados são as dos quesitos rapidez, imparcialidade e honestidade. Numa escala de 0 a 4, o item rapidez teve o pior conceito (1,19), seguido pelos tópicos imparcialidade e honestidade, que receberam 1,18. Essas notas, de acordo com o estudo, correspondem ao conceito “mal”. Em nenhum item a Justiça alcançou o conceito “regular”.

Os entrevistados também avaliaram separadamente instituições e representantes da Justiça, como juízes, policiais, promotores, defensores públicos e advogados. Para a atuação dos juízes, a nota foi de 2,14 (numa escala de 0 a 4).

Polícia

De acordo com o estudo, a Polícia Civil dos estados e do Distrito Federal recebeu nota 1,81 (numa escala de 0 a 4), a mais baixa entre os avaliados e que pode significar, segundo o Ipea, “desconfiança” da população sobre as investigações.

O melhor conceito foi dado a promotores e à Polícia Federal (2,20). Para os pesquisadores, esse resultado se deve à divulgação das operações da PF. “Este desempenho tem caráter intuitivo, tendo em vista o alto grau de exposição, geralmente com conotação positiva, de que desfrutaram as operações da Polícia Federal na mídia no passado recente”, afirmam os pesquisadores no levantamento.

Para o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), Carlos Eduardo Benito Jorge, a percepção em relação ao trabalho da Polícia Civil pode ser resultado da falta de divulgação do trabalho da instituição. “A Polícia Civil é uma das poucas que não tem inserção divulgando seu trabalho. Não tem mídia”, afirmou.

Segundo ele, a pesquisa não foi suficientemente específica. “A pessoa precisaria dizer o motivo porque está insatisfeito. Não quero dizer com isso que não existem reparos a serem feitos. Porque a polícia precisa melhorar, precisa ter policiais vocacionados, com disponibilidade dos recursos necessários”, disse. “Mas tudo isso pode ser envolvido na resposta para melhorar o serviço, se não é uma pesquisa incompleta.”

Conflitos

A pesquisa também buscou descobrir em que situações o cidadão brasileiro recorre à Justiça.

As respostas mostraram que a probabilidade de se buscar uma saída judicial é maior em casos criminais.

Segundo o Ipea, a possibilidade de se recorrer à Justiça é reduzida quando se trata de negócios entre empresas, cobranças de impostos e demandas sociais, como direitos previdenciários.

A menor probabilidade de se chegar aos tribunais é nas questões de família, consideradas pelos entrevistados as mais importantes numa lista de 13 problemas.

No estudo, os pesquisadores do Ipea afirmam que o objetivo foi apenas verificar percepções e não fazer análises quantitativas, nem qualitativas desses dados.