Delegado da PF é acusado de estelionato

10 de outubro de 2007 09:50

A Polícia Federal abriu ontem inquérito policial para apurar a suposta participação do delegado federal Ricardo Ennes, que chefiava a Delegacia Regional da PF em Niterói e era lotado também no Núcleo de Inquéritos Especiais da PF do Rio, em uma trama para celebrar um casamento com propósito meramente previdenciário , envolvendo um auditor aposentado da Receita Federal, de 92 anos, e uma advogada de apenas 25.

Na PF de Niterói, Ennes assumiu o posto de chefia para substituir, como interventor, o delegado federal Carlos Pereira, afastado do cargo depois de ser preso durante a Operação Hurricane (furacão, em inglês) acusado de uma suposta participação na máfia dos caçaníqueis. A decisão da PF do Rio foi tomava com base em minucioso relatório da Advogacia Geral da União (AGU) e da Receita Federal, enviado ao Ministério Público Federal no dia 3 de agosto de 2007.

No ofício da procuradora Andréa Silva Araújo, do Ministério Público federal, encaminhado ao delegado Valdinho Caetano, superintendente da PF, são relacionados supostos crimes de formação de quadrilha e estelionato contra os cofres públicos praticados pelo delegado Ricardo Ennes e mais três pessoas.

Casamento foi forjado para receber pensão de R$ 15 mil No expediente encaminhado à PF, o MP pede abertura de inquérito para apurar eventual prática de negócios jurídicos simulados, visando ao recebimento futuro de pensão por morte de servidor público aposentado .

Com o casamento e logo depois a morte do auditor aposentado, a advogada ficou com a pensão mensal de R$ 15 mil. Através de seus assessores, Jacinto Caetano confirmou o inquérito, mas preferiu não comentar o caso até o fim das investigações.

Delegado federal com formação na área de inteligência, Ennes participou de várias investigações que culminaram com a prisão de policiais federais do Rio. Durante cerca de quatro anos, atuou nos bastidores de grandes investigações lotado na Diretoria de Inteligência Policial (DIP) da PF em Brasília. Foi a DIP que desencadeou no Rio a Operação Hurricane.

Quando a PF do Rio passou por reformulações há dois anos, Ricardo Ennes assumiu o posto de Corregedor da PF do Rio para investigar desvio de conduta de seus pares. Alegando problemas de saúde, ele entrou com pedido de licença médica e deixou o comando da PF de Niterói na semana passada. Teve que entregar sua arma e o distintivo.