Delegados federais continuam mobilizados

10 de agosto de 2012 16:32

Depois de cruzarem os braços em sinal de advertência no último dia 8, os delegados federais aguardam uma sinalização do Governo em estado de alerta.De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, o cronograma de atividades da categoria está mantido. A partir do dia 20 de agosto, caso o Governo não apresente nenhuma proposta satisfatória, novas paralisações voltarão a ocorrer, intensificando o movimento. Os delegados podem parar por 48 e 72 horas e até mesmo evoluir para uma greve por tempo indeterminado.
 
A categoria cobra a adoção de “gatilho” para realizaçãode concurso público, a reestruturação das chefias e unidades, o não contingenciamentodo orçamento da Polícia Federal, o arquivamento do PLP 554/2010, o qualextingue a aposentadoria policial,a aprovação da indenização de fronteiras e a recomposição das perdas inflacionárias.
 
Os delegados também estão solidários com o pleito de recomposição das perdas inflacionárias das demais carreiras da Polícia Federal, uma vez que a defasagem salarial é generalizada na instituição. Entretanto, a categoria defende que deva ser mantida a calma e o diálogo com o Governo. Nesse sentido, os delegados não admitem prejudicar operações que investiguem desvios de recursos públicos e corrupção eleitoral, devido aos graves prejuízos que causariam à população.
 
 
NÚMEROS QUE O BRASIL DESCONHECE
 
A ADPF fez um levantamento o qual revela o desprestígio da categoria e da instituição nos últimos anos. Os delegadosfederais cobram que a Polícia Federal tenha de volta o reconhecimento que já teve em meados do Governo Lula.
 
– Em média, 25 delegados de polícia federal deixam a instituição por ano;
– No Senado Federal, há servidores de nível fundamental (copeiros, motoristas e ascensoristas) recebendo quase 30% a mais do que o salário inicial de um delegado da Polícia Federal;
– Em 2009, o salário em final de carreira de um delegado da Polícia Federal se aproximava do salário em início de carreira de um juiz federal e de um promotor. Em 2011, a equivalência caiu para 90,5%. Se a recomposição pleiteada pelos delegados não acompanhar a proposta do Judiciário e do Ministério Público, um delegado da PF passará a receber apenas 76,6% do subsídio da magistratura e do Ministério Público;
– Hoje, um coronel da Polícia Militar e um delegado da Polícia Civil do Paraná já recebem mais do que um delegado da Polícia Federal;
– No início de carreira, um delegado da Polícia Federal, cargo de nível superior, já ganha menos do que um policial legislativo, um posto que requer apenas nível médio e conta com atribuições infinitamente mais simples do que é feito na Polícia Federal;
– Ser delegado de polícia federal exige grandes investimentos em qualificação constante. Hoje, o número de delegados com título de doutorado é 13 vezes maior que a média nacional; 
– A iniciativa privada já remunera melhor profissionais com qualificações similares a de um delegado de polícia federal. Um consultor de segurança ou inteligência percebe, em média, uma renda mensal de R$ 22 mil reais;
– No período de 2002 a 2009, o delegado de PF foi a carreira do Poder Executivo que teve a menor variação salarial (70,8% em sete anos), enquanto outras carreiras chegaram a alcançar 552,8% ;
– Um chefe de Delegacia na Polícia Civil do Distrito Federal é gratificado com função dez vezes superior ao valor percebido pelo titular de uma Delegacia da Polícia Federal;
– Em 2011, a Polícia Federal perdeu 35% dos recursos. O orçamento do Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-fim da Polícia Federal (Funapol) sofreu um corte de 28% em cima da previsão orçamentária para 2011, que era de R$ 479 milhões. Na verba destinada exclusivamente ao custeio da PF o corte foi de 5% de um total previsto de R$ 375 milhões. Somando as duas unidades orçamentárias, a PF sofreu redução de um terço de seu orçamento, o que representa cerca de R$ 281 milhões por ano.
 
 
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