Deplorável Acusação

10 de abril de 2017 10:20

Por não ter acompanhado passo a passo a divulgação oficial da Operação Carne Fraca, não tenho como avaliar a postura de nossos colegas no contato com a mídia nessa ocasião. Pelo que se tem visto na rotina desses episódios de comunicação social, a prática mais adequada de realese que a prudência recomenda no contato com a imprensa – quando a instituição fala e, não direta e somente quem investiga – foi de modo temerário abandonada há muito tempo.

 

Esse tipo de prestação de contas cuja lisura deve atender, sempre que possível, ao princípio da transparência, criou, com raras exceções, uma certa aura de estrelismo, muito em voga noutras hostes, pondo em segundo plano o interesse público que deve determinar a exposição factual da atividade policial cujos resultados tenham potencial para gerar repercussões positivas na opinião pública, sem risco de comprometimento de uma investigação complexa ainda em curso.

 

Não afirmo que, no caso em comento, tenha havido desvio de finalidade da comunicação, mas é possível que alguma falha na avaliação sobre o que seria oportuno revelar tenha de fato ocorrido, ou algo não ter sido bem abordado. Pode ser que daí tenha surgido a oportunidade que sorrateiramente buscavam explorar para investir maliciosamente contra Polícia Federal e responsabilizá-la pelo forte impacto negativo na economia e na imagem do Brasil no exterior, com a divulgação capciosa, pela mídia, de detalhes da Operação.

 

É de se reconhecer que ponto do que até então fora apurado, se melhor avaliado, não deveria ser exposto sem que sobejamente comprovado. Agora, os abutres de todos os matizes abrem suas imundas garras na direção da instituição na pretensão imoral da inversão da culpa pelo déblâcle de nossas exportações de carnes e seus derivados.

 

Deploro essa campanha sórdida contra a Polícia Federal, mesmo reconhecendo que poderia se prevenir desse tipo de investida oportunista, quando são articuladas manobras políticas escusas, não só em porões palacianos como em tribunas do Parlamento, para enfraquecer o seu desempenho como eficiente, insubstituível e indispensável órgão de Polícia Judiciária da União no enfrentamento de toda ordem de ação criminosa que tanto solapa o patrimônio do país e põe em grave risco os interesses nacionais.