Deputada quer anular operações da PF
A parlamentar também considerou que os métodos utilizados pela PF visam à manipulação política e estão orientados por ma-fé. “Existe um estado policial que manipula a imprensa e o Judiciário”, disse.
Marina Maggessi lembrou que foi vítima de um grampo da PF em uma operação relacionada à máfia dos jogos. Ela considerou que houve má-fé da Polícia Federal porque, quando a Corregedoria da Câmara requisitou a gravação do grampo, a PF disse que o áudio estava prejudicado. “Se o áudio estava prejudicado, como a imprensa publicou transcrições desse áudio?”, questionou.
A deputada informou que, na Polícia Civil, diferentemente da Polícia Federal, sempre utilizou a transcrição integral das gravações no trabalho com interceptações telefônicas. Marina Maggessi também é relatora do Projeto de Lei 3272/08, que redefine as regras para escutas telefônicas.
As declarações da parlamentar foram feitas hoje em audiência da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas. O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que é delegado da PF, disse que respeita a instituição e sabe da responsabilidade, competência e zelo de seus colegas. Ele afirmou, no entanto, que nada disso impede a apuração de todas as denúncias. “Se tivermos que banir os maus policiais da PF, da Polícia Civil ou da Polícia Militar, nós o faremos.”
Investigação prolongada
Na audiência, o perito especialista em fonética forense Ricardo Molina criticou a quantidade de escutas telefônicas da PF e citou o exemplo de uma interceptação que durou dois anos e meio, da qual se aproveitaram apenas dois telefonemas com duração de poucos minutos.
O relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), considerou o episódio uma inversão de valores, já que a lei prevê o uso das escutas para investigar fatos, e não indivíduos. “Em uma investigação de dois anos e meio, é o indivíduo e não o fato que está sendo investigado. Isso é o verdadeiro estado policial.”
Itagiba e Pellegrino anunciaram que vão apresentar requerimento, na próxima reunião da CPI, para que Molina faça uma perícia dos equipamentos utilizados pela polícia para interceptação telefônica.