Deputados se explicarão a PF
Eles devem comparecer à Superintendência da PF amanhã e na próxima segunda-feira.
Na semana passada, a PF encaminhou ofício à presidência da Assembléia solicitando o comparecimento para depoimento dos parlamentares Paulo Brum (PSDB), Kalil Sehbe (PDT) e Nelson Härter (PMDB). Os nomes de Brum e Sehbe surgiram na investigação quando a PF descobriu que os dois haviam usado em suas prestações de contas de campanha de 2006 notas de uma empresa investigada pela fraude dos selos.
A empresa, a MR Entregas, é de um familiar de Claiton Costa Alves, que confessou ter revendido selos desviados da Assembléia. De acordo com a prestação de contas feita pelos dois deputados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), eles gastaram R$ 11 mil cada um em serviços postais prestados pela MR Entregas. Quando prestou depoimento à PF, Alves afirmou ter feito serviços de entrega de panfletos. Ele teria pego o material para distribuir com Macalão. Härter foi chamado a depor porque teve seu nome citado no depoimento de uma testemunha à PF.
O inquérito da fraude dos selos está tramitando no Tribunal Regional Federal da 4ª Região porque a Justiça Federal de 1º grau não tem competência para atuar em casos que envolvam parlamentares.
O inquérito da PF foi instaurado em julho. Setenta pessoas já foram ouvidas, sendo que nove acabaram indiciadas. A PF deve indiciar nos próximos dias o 10º suspeito de envolvimento com a fraude, além de cumprir diligência solicitadas pelo Ministério Público Federal.
E-mails estão prontos para serem analisados
Também começará nos próximos dias a análise, por peritos criminais federais, dos arquivos de e-mails lacrados por ordem da Justiça Federal. O material se refere a mensagens trocadas por sete deputados ou ex-deputados e por assessores deles. As palavras-chave referidas na ordem judicial de apreensão dos dados, emitida a partir de pedido do Núcleo de Ações Originárias da Procuradoria-Geral da República, são: Ubirajara, Amaral, Macalão, selos, correios, postagem e cartas, entre outras.
Macalão é o principal envolvido na fraude dos selos, que lesou o parlamento em pelo menos R$ 3,3 milhões. Em depoimentos à PF ele citou deputados, ex-parlamentares e assessores, e é em relação a eles que a PF analisará dados contidos no servidor de e-mails Cora do parlamento.
Contrapontos
– O que diz o deputado Kalil Sehbe:
Nós contratamos uma prestação de serviço com nota fiscal e pagamos com cheque nominal.Se na época esse era o diretor indicado pela Casa (em uma referência a Ubirajara Macalão, que era diretor administrativo da casa e foi quem, segundo o deputado, indicou os serviços da empresa), quem teria algum tipo de desconfiança sobre uma indicação dele?
Contratei prestação de serviços para envio de mala direta, com pagamento com cheque das eleições de 2006, cheque nominal à empresa. E nós estamos indo (à PF) como convidado para ajudar no inquérito, não somos réus, nem nada. Eu não fui convidado ainda.
-O que disse Antonio Cândido, assessor de imprensa do deputado Paulo Brum:
O deputado não recebeu nenhuma notificação da PF. E só falará sobre o caso depois de encerrada a investigação.
– O que disse o deputado Nelson Härter:
Para mim, esta foi uma surpresa. Quero ver o que eles querem. A informação que eu tenho é de que não há problema nenhum, mas eu quero ouvir o que eles querem dizer.