Despachante afirma à PF que era monitorado mensalmente por jornalista acusado de violação de sigilo

27 de outubro de 2010 10:13

BRASÍLIA – Em depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 22, o despachante Dirceu Garcia, indiciado por envolvimento na quebra de sigilo fiscal de tucanos, afirmou que entre maio e setembro o jornalista Amaury Ribeiro Jr. telefonava pelo menos uma vez por mês para saber se ele precisaria de alguma ajuda. Segundo Dirceu, Amaury pagou R$ 12 mil pelo serviço de busca dados fiscais sigilosos nas delegacias da Receita em Mauá (SP) e Santo André (SP).

Em seu último depoimento prestado à PF, o despachante contou que um encontro pessoal que teve com Amaury entre 2 e 4 de setembro deste ano, o jornalista perguntou a ele quanto precisava para resolver seus problemas financeiros. Dirceu teria dito que precisava de R$ 2 mil, porém Amaury teria dito que esse valor era muito pouco e ofereceu imediatamente R$ 5 mil para que Dirceu ficasse "calado" sobre o escândalo. Dirceu também afirmou que em 2009 recebeu de Amaury a solicitação para que emitisse um recibo de R$ 300 em nome do jornal "Correio Braziliense". O despachante, no entanto, não se recorda da data em que o pedido foi feito, nem por qual razão.

Em depoimento prestado na segunda-feira, Amaury se reservou ao direito de ficar calado quando confrontado com as afirmações de Dirceu Garcia. Ele reiterou que tem certeza que as informações que guardava em seu notebook foram copiadas indevidamente pelo deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), coordenador de comunicação da campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

O jornalista disse também ter certeza que havia pessoas infiltradas na pré-campanha petista vazando informações para a imprensa. Ele "acreditava" que essas pessoas seriam do PT paulista, a partir do que compreendeu de relatos de terceiros.

No depoimento de seis horas e meia, Amaury em diversas oportunidades se reservou ao direito de ficar calado. Ele se valeu desse direito, por exemplo, para não explicar se estava a serviço do jornal "Estado de Minas" durante suas viagens a São Paulo no período em que as declarações do Imposto de Renda de tucanos foram violadas.

 

Fonte: O Globo