Dilma pode estar envolvida em dossiê
Atrás de delitos conexos, o passo seguinte seria decifrar a cadeia de comando por trás da produção do documento. Na hora de partir para cima da cúpula da Casa Civil, no entanto, a PF repassou o caso para o procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza.
Na edição de ontem, o Correio revelou que o delegado Sérgio Menezes, comandante do inquérito, transferiu ao chefe do Ministério Público Federal a decisão sobre o futuro da apuração por causa de autoridades com prerrogativa de foro privilegiado, entre elas a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Oficialmente, a polícia alega que pediu ao MPF um parecer sobre o prosseguimento da investigação. Motivo: foi anexado ao inquérito uma representação enviada pela oposição ao procurador no final de março, na qual os adversários do Palácio do Planalto pedem para que a ministra seja investigada.
A PF argumenta que não havia outra alternativa. A representação dos oposicionistas precisa ser resolvida para evitar a possibilidade de questionamentos futuros sobre a validade do inquérito. Quando o documento foi anexado, por ocasião do depoimento do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) ouvido na condição de testemunha , a investigação ainda precisava avançar. Para os policiais, a apuração não se encerra com a questão do vazamento resolvida, mas inclui eventuais delitos conexos.
O ex-secretário de Controle Interno da Presidência José Aparecido Nunes Pires apresentou informações importantes, caso do nome do secretário de Administração da Presidência, Norberto Temóteo Queiroz. A participação de Norberto no episódio ainda precisa ser esclarecida, bem como a de outros superiores hierárquicos, no caso a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, e a própria Dilma. Informalmente, os policiais que participam da apuração avaliam que há sintonia entre a investigação policial e a representação dos partidos de oposição.
O inquérito da PF venceria em 7 de julho, mas, com o envio dele ao MP, esse prazo deve mudar. Enquanto espera um parecer de Antonio Fernando, o delegado Menezes interrompeu a série de depoimentos, mas o trabalho dos técnicos que periciam os computadores da Presidência continua. Das 14 máquinas recolhidas, só restam duas a serem examinadas. Até agora, o trabalho dos peritos rendeu provas que sustentam as declarações colhidas nos interrogatórios.