Dinheiro de esquema financiou farmácia
Moura está preso desde o último dia 24 de abril. “[A] farmácia foi adquirida em março de 2008 por João Pedro de Moura possivelmente com recursos provenientes de sua porcentagem no “Esquema do BNDES””, apontou a PF. O contrato foi assinado em nome da mãe do consultor, que passou a ser dona da Gramfarma Comercial, localizada em São Sebastião da Grama (SP).
“O preço total acertado para a compra da farmácia foi de R$ 250 mil mais R$ 176,7 mil correspondente ao estoque existente. No ato da assinatura [do contrato] já foram pagos R$ 50 mil. O período corresponde às entradas dos recursos desviados dos financiamentos”, concluiu o relatório da PF.
A polícia encontrou a cópia do contrato no computador pessoal de Moura. No mesmo disco rígido a PF apreendeu a minuta de um ofício datado de março de 2007 e que deveria ser assinado pelo deputado federal Paulinho como presidente da central Força Sindical.
No ofício, endereçado ao ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior e presidente do conselho de administração do BNDES, Miguel Jorge, Paulinho anunciava o pedido de exoneração de Moura do cargo de conselheiro do banco, ocupado por ele desde julho de 2002, e a indicação do advogado Ricardo Tosto.
No entender de policiais que atuam no caso, o fato de Moura escrever um ofício que Paulinho deveria assinar demonstra o grau de confiança do congressista em Moura.
Quebra de sigilo
Em outro computador, do consultor de empresas Marcos Vieira Mantovani, a PF apreendeu um e-mail enviado a ele pela secretária do advogado Ricardo Tosto que, segundo a polícia, caracterizou a quebra de sigilo da investigação.
O e-mail foi enviado no dia 25 de março, um mês antes das prisões. A secretária diz a Mantovani: “O dr. Ricardo pediu para o senhor tomar cuidado com o telefone em virtude do inquérito policial”. Um dia depois, Mantovani respondeu: “Já estou tomando todas as precauções. Obrigado pelo aviso”.
Os documentos arrecadados pela PF indicam que as conversas entre Mantovani e Tosto remontam, pelo menos, a 2004.
Em e-mail enviado ao advogado em julho daquele ano, Mantovani revela que havia interesse em buscar financiamento do banco para a montagem de uma fábrica de fécula de mandioca “pertencente a Elias e JP”, que em outros momentos da investigação foi identificado como João Pedro de Moura. Em julho de 2004 Moura já era conselheiro do BNDES. Elias, segundo o consultor, seria um assessor parlamentar do deputado Geraldo Vinholi (PDT-SP). Mantovani citou ainda uma “taxa de sucesso líquida”, a ser decidida “em reunião”.