Dirceu também está sob investigação da PF

9 de julho de 2008 09:53

O ex-deputado federal petista Luiz Eduardo Greenhalgh teve o pedido de prisão pedido pela PF e pelo Ministério Público Federal, por supostamente agir em favor do grupo junto a parlamentares e ao governo federal. O pedido foi negado pela Justiça.

Em nota, Greenhalgh afirmou ontem desconhecer os motivos para o envolvimento do seu nome na investigação. “Fui contratado por Daniel Dantas para assisti-lo na qualidade de advogado criminalista, atividade que exerço há mais de 30 anos. Atuei na defesa de meu cliente nos estritos marcos da legalidade e da ética profissional. Nem mesmo durante a ditadura militar fui envolvido numa investigação por conta de minha atuação na defesa de meus clientes.”

Segundo trecho de um relatório da PF citado na decisão do juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto de Sanctis, o grupo Opportunity, de Daniel Dantas, “estaria infiltrado em diversos setores econômicos do país” e se utilizaria de “pessoas influentes no meio político como: Naji Nahas, José Dirceu e Mangabeira Unger”.

Delegado diz que apuração não está amadurecida
Ontem, em entrevista coletiva na Superintendência da PF em São Paulo, o delegado Protógenes Queiroz, chefe da operação, disse não haver indícios suficientes para estabelecer qualquer ligação entre Dirceu e Mangabeira e as quadrilhas investigadas. Protógenes, porém, sugeriu que o ex-ministro da Casa Civil está sob investigação.

– No momento, não podemos fornecer tais dados porque não estão ainda amadurecidos os dados coletados na investigação – disse o delegado, ao ser perguntado sobre o possível envolvimento de Dirceu.

A assessoria de imprensa de Dirceu negou que Dantas ou o Opportunity estejam entre os clientes do escritório de advocacia do ex-ministro. Seu advogado, José Luis de Oliveira Lima, negou qualquer envolvimento de Dirceu com os suspeitos:

– Ele não tem envolvimento com esses fatos, está absolutamente tranqüilo e aguarda o desdobramento das investigações. No tempo em que foi ministro, nunca favoreceu qualquer empresário deste país.

A assessoria de Mangabeira informou que o ministro atuou como trustee (fiel depositário) para o Grupo Opportunity nos EUA. Em junho de 2007, a Comissão de Ética Pública, ligada à Presidência, considerou a função incompatível com o ministério. Mangabeira está em viagem oficial à Alemanha, mas sua assessoria negou que ele tenha beneficiado Dantas no governo.

Já Greenhalgh teve o pedido de prisão preventiva negado pela Justiça. Segundo a PF, ele atuaria junto a parlamentares e integrantes do Executivo em favor de Dantas, em conjunto com o publicitário Guilherme Sodré, o Guiga. Este causou embaraços ao governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), quando o levou para um passeio na lancha de Zuleido Veras, dono da construtora Gautama e pivô do escândalo dos sanguessugas.

Segundo fontes na PF e no MPF, Greenhalgh era chamado de “LEG” ou “Gomes” pelos suspeitos. O ex-deputado teria telefonado para uma pessoa próxima ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, para obter informações sobre a investigação sigilosa da qual o banqueiro é alvo. Greenhalgh disse ontem desconhecer o pedido de prisão:

– Pediram? Sei lá? Realmente eu não fiz nada para que pudesse ser preso. Mas falei com um grampeado. Com o Humberto Braz (acusado de tentar subornar um delegado da PF), eu falei várias vezes. Ele me relatou que eles queriam vender ações da Brasil Telecom, que o Dantas queria sair do negócio das teles. Hoje (ontem) recebi uma ligação do Guilherme Sodré, que disse que um delegado e cinco agentes estavam fazendo uma busca e apreensão na casa dele.