Diretora Regional da ADPF SP, Tânia Prado fala sobre cortes de orçamento na Polícia Federal

6 de julho de 2017 10:40

A suspensão da emissão de passaportes que foi anunciada pela Polícia Federal por conta da falta de recursos está sendo vista como uma "ponta do iceberg" do que a corporação vem sofrendo em termos orçamentários já desde o ano passado. 

Em entrevista à Sputnik Brasil, a diretora regional da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) em São Paulo, Tânia Prado, falou da vulnerabilidade que a instituição sofre com as trocas de governo. 

 
"O problema mais gritante, que mais chama atenção, que não é coisa deste ano, vem acontecendo […] é que não estão abrindo concurso público, embora tenhamos 570 vagas para o cargo de delegado da Polícia Federal. 

Segundo ela, o último concurso foi realizado em 2014, através do qual tomaram posse mais de 100 delegados em 2014. Ou seja, há três anos não ingressam novos delegados. 

"Temos hoje menos 1.700 delegados da Polícia Federal no país inteiro trabalhando; o trabalho aumenta, porque a demanda de combate à corrupção sempre aumenta […] e o efetivo não está crescendo na mesma proporção, pelo contrário, está até encolhendo", disse Tânia Prado.  

Ao ser questionada se há uma motivação política por trás dos cortes orçamentários da Polícia Federal, na medida em que avançam as investigações da Lava Jato em todos os escalões, Tânia Prado disse que o órgão fica muito vulnerável em qualquer troca de governo. 

"Porque se o governo realmente usar o poder para fechar a torneira dos recursos da polícia, realmente é uma forma de 'estrangular' o trabalho da Polícia Federal […] por isso não é tão simples acreditar que trata-se apenas de um problema fiscal", observou. 

Já o presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-RJ, Breno Melaragno, lamentou o fato de que a Polícia Federal não tem autonomia administrativa e orçamentária, assim como o Ministério Público, e frisou que os cortes orçamentários afetam o bom funcionamento da instituição. 

"Afeta o bom funcionamento da instituição e a missão a que ela se destina, o que é uma pena. Veja, a Polícia Federal de 15 anos pra cá melhorou muito do ponto de vista material e humano. Muito se investiu na Polícia Federal ao longo desse tempo. Uma pena que essa crise ou essa política esteja atingindo. Porque a Polícia Federal vem desempenhando bem o seu papel, principalmente nos últimos anos, e isso não é mágica, é fruto de um investimento em recursos humanos e materiais", observou.  

Breno Melaragno reconheceu que há um contrassenso no fato de que os cortes orçamentários da Polícia Federal estão sendo discutidos por muitos congressistas que são alvo das ações das própria PF e da Operação Lava Jato. 

"E aí é muito perigoso […] corre risco de ter uma estrutura insuficiente para as demandas que existem em relação à Polícia Federal e especificamente em relação à Operação Lava Jato", destaca. 

Para ler a matéria original clique AQUI