Disputa entre autoridades de segurança pública tem foco nos grandes eventos

10 de outubro de 2012 14:25

Na última segunda-feira, 8/10, foi publicada matéria intitulada "EUA pedem à América Latina para não usar Exército como polícia" no site Folha de S. Paulo.
 
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, alertou aos países da América Latina para que não deem a função de polícia a forças militares e afirmou que as autoridades civis devem ser fortalecidas para lidar com a defesa das leis. A declaração de Panetta foi feita durante a conferência de ministros da Defesa da América, em Punta del Este, no Uruguai.
 
"O uso de militares para a defesa das leis não pode ser uma solução a longo prazo", disse ele, pedindo aos latino-americanos que confiem a segurança interna à polícia e não ao Exército. Panetta declarou que os EUA estão à disposição para ajudar os países nesse processo.
 
A respeito dessa discussão, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) alerta que o emprego de militares na segurança interna é visto com sinal de incapacidade técnica de um país, o que não é o caso do Brasil, que não precisa de ajudar externa nessa área. A ADPF se preocupa com a imagem internacional do Brasil diante do emprego de um modelo militarizado de segurança pública no País. A discussão, no momento, está em volta de que instituição ficará a cargo do comando da segurança na Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
 
Em artigo publicado no site Congresso em Foco, o presidente da ADPF, Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, escreveu sobre os riscos para o Brasil caso adote um modelo de comando militar para a segurança dos dois eventos. Para Leôncio, tal situação não deixará nenhum legado posterior para a segurança pública. “Os militares levantarão acampamento depois dos eventos e nada ficará”, diz ele. Leôncio afirma que o emprego das Forças Armadas em substituição aos órgãos regulares de segurança pública é algo indesejável e que não se encaixa com a normalidade democrática do Brasil.
 
É preciso atenção ao movimento que as Forças Armadas estão realizando nos bastidores da República para assumir a coordenação da segurança pública nos próximos grandes eventos. Esse modelo traz consigo o risco de não deixar legado aos órgãos de segurança pública.  Para os trabalhadores de segurança pública é uma sinalização de que o governo não confia no trabalho das instituições que atuam no dia-a-dia, levando a um esvaziamento de atribuições e orçamentário dessas forças.
 
 
CLIQUE AQUI para ler o artigo “Um modelo de segurança sem legado”, de Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, presidente da ADPF.