Dois envolvidos são afilhados de Jucá

29 de outubro de 2007 10:28

A maioria dos presos, entre eles o coordenador geral da Funasa em Roraima, Ramiro José Teixeira e Silva, indicado pelo senador Romero Jucá, líder do governo no Senado, decidiram se manter em silêncio e só deverão falar em juízo.

Depois da prisão de seu afilhado, Jucá telefonou para o presidente da Funasa, Danilo Forte, retirando a indicação de Teixeira. O senador explicou, através de sua assessoria, que não poderia ser responsabilizado por eventuais deslizes praticados por um detentor de cargo público que ele indicou seguindo as regras políticas. Segundo ele, o coordenador geral preso na Operação Metástase foi indicado por grupos políticos do PMDB de Roraima. Jucá diz que analisou o currículo e confirmou a indicação.

Entre os 35 alvos da Operação Metástase há uma outra figura ligada ao grupo político de Jucá, que não havia sido preso até o final da tarde de sexta-feira. É o secretário de Saúde de Boa Vista, Nanis Levino, que se encontrava em Brasília e só ontem retornou a Roraima. Nanis é homem de confiança do atual prefeito da capital, Eradilson Sampaio, que era vice-prefeito e assumiu o cargo com a renúncia da mulher de Romero Jucá, Tereza Jucá, para se candidatar, sem sucesso, a uma vaga no Senado nas eleições realizadas no ano passado.

Trata-se do mesmo grupo político. Acusado no inquérito e alvo de um mandado de prisão temporária, a situação de Nanis Levino gerou um fato inusitado: ele queria se entregar o mais rápido possível, mas a polícia estava retardando a rendição. “É preciso harmonizar o ato de apresentação com a agenda do delegado. Estou aguardando a polícia me telefonar para fazer a entrega do meu cliente”, disse o advogado Jean Pierre Micheatti, que defende o secretário de saúde. “Ele me disse que nem teria dado tempo de fazer alguma coisa errada. Não sabemos quais as acusações”, disse.

A Operação Metástase foi desencadeada na semana passada para desbaratar uma quadrilha acusada de desviar, nos últimos cinco anos, mais de R$ 32 milhões da Funasa através de fraudes em licitações sobre fornecimento de remédios, construção de obras de saneamento e serviços de táxi àreo ás comunidades indígenas de Roraima. A PF investigou o caso durante um ano e meio e descobriu que o mesmo grupo de empresários envolvido com os desvios era também suspeito de operar um esquema de transporte para o tráfico de drogas. A Controladoria Geral da União (CGU) colaborou com as investigações mostrando que as verbas liberadas pelo governo federal tinham origem em emendas parlamentares da bancada de Roraima.