Dois relatores são contrários a votação secreta no caso Renan

27 de agosto de 2007 09:43

Os aliados de Renan iniciaram na semana passada manobras para tentar impor o voto fechado. A avaliação é de que isso reduziria a exposição dos senadores diante da opinião pública e facilitaria a absolvição.

O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), aliado de Renan, é um dos defensores da idéia. Se no plenário do senado, que é soberano, o voto é fechado, não há razão para ser diferente no conselho , argumentou.

Os relatores do caso Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) afirmaram ontem que não concordam com o argumento de Quintanilha. Os relatores são senadores. Se nós temos de revelar o nosso voto por que os outros integrantes do conselho não têm? , questionou Marisa. O voto tem de ser aberto no conselho. Vou trabalhar para que isso aconteça, mas estou buscando base jurídica para batalhar para que a apreciação dos relatórios não seja fechada , avisou ontem Casagrande.

A previsão é que o Conselho de Ética julgue na quinta-feira a primeira representação, em que Renan é acusado de ter suas despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, incluindo a pensão para a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.

O presidente do Senado apresentou documentos de operações de venda de gado, para mostrar que tem recursos e não precisaria de ajuda da empreiteira. Mas perícia da Polícia Federal apontou irregularidades e inconsistências nos papéis.

Marisa e Casagrande não se sentiram convencidos pelas explicações apresentadas por Renan no depoimento dado quinta-feira e devem apresentar relatório propondo sua cassação. Mas até ontem não sabiam se fariam um único relatório ou peças separadas, já que têm divergências de opinião.

Enquanto Marisa vê quebra de decoro e questão política, Casagrande avalia que Renan cometeu crime fiscal. Só na terça-feira é que vamos saber se faremos um único relatório ou se cada um terá o seu , disse o senador. Estou trabalhando no relatório e pretendo ter uma conversa com o Casagrande para que na terça a gente feche em um único relatório ou cada um com o seu , completou Marisa.

O terceiro relator, Almeida Lima (PMDB-SE), aliado de Renan, disse ter ficado satisfeito com o depoimento. Ele já avisou que vai defender a absolvição do presidente do Senado.

DEM

Além de Marisa e Casagrande, a oposição também defende o voto aberto no Conselho de Ética. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), avisou que vai propor amanhã que os representantes de seu partido no colegiado – Demóstenes Torres (GO), Aldemir Santana (DF), Heráclito Fortes (PI) e Romeu Tuma (SP) – declarem o voto.

Os quatro devem se posicionar a favor da cassação de Renan. O DEM vai levantar questão de ordem para que o voto seja aberto , insistiu Agripino. Não pode um senador ter uma posição confortável de votar fechado enquanto os relatores expõem seu voto , disse.

Ontem, Marisa Serrano também avisou que vai solicitar à Mesa Diretora o áudio do depoimento prestado por Renan aos relatores na quinta-feira. Um dia depois, a secretária-geral da Mesa, Claudia Lyra, foi flagrada fazendo revisão nas notas taquigráficas, o que levantou suspeitas dos relatores.

A senadora tinha dito na própria sexta que poderia pedir o áudio, caso desconfiasse da retirada ou inclusão de declarações. No fim de semana ela confirmou que vai pedir o áudio, mas não pelo episódio com a Claudia, mas porque é praxe ouvir .