Doutor Agílio, um concurseiro

21 de janeiro de 2014 16:06

No jantar de confraternização da Associação dos Delegados Federais, eu me encontrei com o doutor Agílio Monteiro Filho. Na Polícia Federal, ele chefiou o serviço de operações quando era agente. Como delegado, primava pelo respeito aos direitos humanos, conquistando assim a admiração dos subordinados, superiores e também dos presos e indiciados. Foi superintendente em Minas e chegou ao cargo máximo da instituição, dirigindo-a por longo período.

 

Mas ele foi, antes de tudo, um concurseiro. Eu soube desse atributo durante o jantar. Quando cheguei com minha família, ele comentou sobre meus artigos neste espaço do Hoje em Dia. Então, descobri que tenho um leitor muito ilustre.

 

 Em seguida, comentou sua estratégia de estudos para o cargo de delegado federal. Não tendo tempo para frequentar uma escola preparatória, adquiriu uma coletânea de apostilas. Um colega comprou o mesmo material. Por telefone, os dois tiravam dúvidas, de modo que um virou professor do outro.

 

Esse modo de estudar, embora não fosse o mais adequado, era o possível naquelas circunstâncias. E deu certo! Os dois foram aprovados! Além do empenho e afinco nos estudos, a audição por telefone também favoreceu a aprendizagem da dupla.

 

 Atualmente, com tantos recursos visuais, as pessoas andam se esquecendo de ouvir. Mas as estimativas indicam que, ao longo da vida, gravamos apenas3% de tudo que vemos. Já a audição permite a memorização de 50% do que ouvimos. Se ouvirmos e anotarmos, saltamos para 90%. Mas há um detalhe importante: caso não façamos revisões no prazo de três dias, esquecemos quase tudo que ouvimos. Caso façamos as revisões, gravamos para o resto da vida, e de modo organizado, 70%.

 

O doutor Agílio soube privilegiar a audição, a anotação e a revisão. Ao tomar posse no cargo de delegado, manteve a humildade que lhe é peculiar, chegando assim ao cargo máximo na nossa instituição. Agora, na condição de aposentado, muitas expressões servem para qualificá-lo: Um amigo, um batalhador, um defensor dos direitos humanos. Mas, durante o jantar, descobri outra qualificação: um concurseiro.

 

José Roberto Lima                                                                                                   

Professor de Direito,
delegado federal e autor
do livro “Como passei em
15 concursos”, da Ed.
Método