Droga é nova arma contra leucemia

11 de dezembro de 2007 12:48

O dasatinibe – comercializado pela Bristol-Meyers Squibb sob o nome de Sprycel – deve chegar ao mercado nacional em fevereiro. Atualmente, está em fase de definição de preço, já que será comprado principalmente pela rede pública de saúde e deve ter um custo acessível para que o governo possa comprá-lo. A expectativa é que o Ministério da Saúde desembolse R$ 4.500 por mês por cada paciente erm tratamento com a medicação do dasatinibe. No mercado privado, nos Estados Unidos, o tratamento de um mês é o equivalente a R$ 8 mil.
Tanto o imatinibe quanto o desatinibe atuam inibindo a produção descontrolada de leucócitos (células brancas) no sangue. No entanto, para 29% dos pacientes com LMC que tomam imatinibe, a droga não funciona ou deixa de fazer efeito depois de cinco anos. O número é ainda maior em quem entrou na fase aguda da doença (45%) e quem recebeu o medicamento já no estágio final, a crise blástica (92%).
A aprovação da Anvisa é para que, inicialmente, apenas este grupo resistente ao medicamento passe a tomar o dasatinibe. No entanto, um estudo piloto, apresentado no domingo no congresso da Associação Americana de Hematologia, em Atlanta (EUA), indica: o dasatinibe mostra-se extremamente eficaz também em pacientes que acabaram de receber o diagnóstico – 100% de quem recebeu o dasatinibe logo após saber que tinha LMC praticamente zerou as células cancerosas no sangue em um ano.
Esta pesquisa recente não é conclusiva, pois está em estágio inicial e analisou um grupo pequeno de pessoas: 98 pacientes do Texas. Mas representa a esperança de que, em breve, o dasatinibe possa ser usado também em quem foi recém-diagnosticado, evitando que a doença chegue à fase aguda – quando a sobrevida cai para 9 a 12 meses – e à crise blástica, na qual há apenas seis meses de vida, no máximo.
Mesmo assim, já há motivo para comemoração, principalmente entre os pacientes resistentes ou que desenvolveram resistência posterior ao imatinibe. O dasatinibe é um comprimido, como o imatinibe, e sua administração simples – uma dose de 100 mg ao dia, pela manhã – aumenta a qualidade de vida de pessoas para as quais o transplante era a única alternativa.
Os efeitos colaterais, quando aparecem, são “toleráveis”, segundo Nelson Hamerschlak, hematologista e co-autor do estudo clínico multinacional que envolveu 150 brasileiros entre os 900 pacientes analisados. Os pacientes podem ter um pouco de náusea e cãimbra. Adversidades mais graves são raras, mas podem acontecer. Como a pessoa passa a reter líquido, é possível que tenha derrame na pleura, uma inflamação na membrana do pulmão.
– Medicamentos inibidores do excesso de produção de leucócitos trazem a chamada cura funcional, a leucemia mielóide crônica passa a ser uma doença com a qual a pessoa convive, não a causa de sua morte. Mas pelo que sabemos, por enquanto, o paciente deve tomar este tipo de remédio pelo resto da vida. Por isso é tão importante uma alternativa para os pacientes que deixaram de responder ao imatinibe – explica Hamerschlak.
Um estudo publicado em 1999 mostrou que a idade média do aparecimento da leucemia mielóide crônica é de 45 a 55 anos.