Drogas: maioria dos usuários é rica

24 de outubro de 2007 10:32

A pesquisa Estado da Juventude, Drogas, Prisões e Acidentes, feita com base em estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2003, mostrou que 62% dos usuários de drogas pertencem à classe A  cuja renda familiar supera os 25 salários mínimos ao mês (R$ 9,5 mil)  e 85% são de cor branca.

Na população total do País, a classe A corresponde apenas a 5,8%, enquanto os brancos são 53%. A pesquisa está totalmente consistente com o filme Tropa de Elite. Não foi à toa que houve muita polêmica. A nossa pesquisa poderia se chamar droga de elite, porque quem consome drogas no Brasil é um jovem de elite, afirmou o economista Marcelo Néri, responsável pelo levantamento da FGV.

Segundo a pesquisa, 50,7% dos consumidores declarados de drogas no Brasil têm idades entre 20 e 29 anos e 99% são do sexo masculino.

Talvez a nossa política de combate ao tráfico de drogas não esteja certa. Ela enfatiza a questão da oferta enquanto que a questão do consumidor não tem tanta atenção, conforme alerta o filme Tropa de Elite, acrescentou Néri, ao destacar que 80% dos usuários ocupam papel de filhos em suas moradias (ao invés de chefes e cônjuges) contra 26% do total.

A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostra que 30% dos consumidores de drogas freqüentam a universidade, contra 4% do conjunto da população. A proporção de consumidores que freqüentam escolas ou universidades privadas é mais de três vezes maior do que no conjunto da população.

O retrato é muito semelhante daquele traçado no filme. Quem consome drogas é o garoto de elite.

São homens jovens e brancos solteiros, de alta renda, que vivem nas capitais do Sudeste e freqüentam uma instituição privada de ensino: 62% da classe A, com cartão de crédito, disse.

Em valores atualizados, a despesa média com drogas das pessoas que declararam ao IBGE consumir maconha, lança-perfume ou cocaína é de R$ 75 por mês.

Nossa política contra o tráfico enfatiza muito a questão da oferta e pouco a questão do consumidor, como o filme chama a atenção. É preciso ter alguma política sobre isso, seja a liberação do consumo de drogas leves, seja uma repressão.
Acho que estamos no pior dos mundos, opinou Néri.

Ele interpretou como efeito colateral da droga o fato de o estudo ter detectado entre esses jovens alto índice (11,8%) de atraso no pagamento de aluguel e de moradia em áreas onde foram relatados problemas com violência na vizinhança (63%).

O filme Tropa de Elite, em cartaz em circuito nacional, retrata a participação de jovens universitários do Rio de Janeiro no consumo de drogas e na distribuição de maconha e ainda questiona a contribuição dessa camada social no crescimento da violência na cidade do Rio de Janeiro.