Dualib corre risco de prisão, apesar da idade

12 de setembro de 2007 10:26

Os 87 anos não vão salvar Alberto Dualib da cadeia. Nem de pagar com o próprio patrimônio todo o prejuízo que o Corinthians teve com a parceria com a MSI. As punições serão exemplares para o futebol brasileiro, que está infestado por criminosos. Isso não é privilégio somente do Corinthians. As promessas são do novo secretário nacional da Justiça, Romeu Tuma Júnior, também conselheiro do Corinthians. Ele pretende utilizar a experiência de quem foi diretor de futebol do próprio clube e criar mecanismos para acabar com a lavagem de dinheiro nos clubes.

Tuminha diz ainda que vai remexer no caso Edílson Pereira de Carvalho, personagem central do escândalo conhecido como Máfia do Apito. Esse cidadão manipulou resultados do futebol, mexeu com a credibilidade do maior esporte do País e ainda saiu impune. Foi um péssimo exemplo. Isso está errado. Não pode e não vai ficar assim.

O novo secretário nacional de Justiça diz que o caso Corinthians/MSI servirá como exemplo para restabelecer a credibilidade do futebol no Brasil e mandar um aviso às pessoas que pretendem usar o futebol para lavar dinheiro. As investigações foram fundo e quem tiver de ser punido vai ser, garante Tuminha. Esse caso é exemplar porque mistura os ingredientes de crime organizado. É lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão fiscal. Vários clubes já tiveram indícios de alguns desses itens. O Corinthians tem de todos. E todos terão tratamento histórico.

Romeu Tuma Júnior assegura que se Alberto Dualib, o presidente afastado do Corinthians, confia que a idade avançada (87 anos) irá livrá-lo da prisão, está muito enganado. A idade não salva ninguém da cadeia. A PF está trabalhando muito sério. Se houver provas o Dualib e as outras pessoas envolvidas serão punidas. Para o bem da sociedade.

O secretário entende que as pessoas já não suportam mais a impunidade nas falcatruas cometidas no esporte e por isso acha que chegou o momento de aplicar punições, mandando gente para a prisão. E quem tiver de perder todo o patrimônio para repor o que foi levado do Corinthians, terá. Quem lavou dinheiro também, afirma. Estamos criando uma política de segurança para o esporte. Como um árbitro manipula o Campeonato Brasileiro e dois meses depois está dando autógrafo na Bienal do Livro? Isso não vai ficar assim.

OUTRO INQUÉRITO?

O Ministério Público Federal poderá abrir outro inquérito contra os dirigentes do Corinthians, entre eles Alberto Dualib. Agora, para investigar o possível depósito de dinheiro fora do Brasil, na conta de jogadores da MSI. Comissões pagas a agentes também seriam apuradas.

COLABOROU ROBSON MORELLI

Pode sobrar para outros clubes

A relação indecente do Corinthians com a MSI pode acabar respingando em outros clubes brasileiros. Uma das maneiras de isso acontecer pode ser a instalação de uma CPI para investigar as vendas, por clubes do País, de jogadores para o exterior. O primeiro passo pode ser dado amanhã, numa audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, convocada para discutir, especificamente, a parceria entre a equipe paulista e o fundo de investimentos comandado pelo russo Boris Berezovski, mas que também vai enfocar o uso do futebol nacional para lavagem de dinheiro.

O futebol está sendo usado para lavagem de dinheiro pelo crime organizado, com ramificações internacionais, diz o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), que acena com a possibilidade de uma CPI. Temos que criar mecanismos para proteger nosso futebol e nossos clubes.

Para a audiência de amanhã foram convidados vários cartolas, entre eles Alberto Dualib e Nesi Curi, que não devem aparecer.