Duração das paralisações de servidores federais triplicou

12 de dezembro de 2011 10:22

A duração média das greves dos servidores federais mais que triplicou no ano eleitoral de 2010, para 39,2 dias. Foi o segmento que apresentou a maior alta.Nos dois anos anteriores, a duração e o número de greves havia recuado, reflexo dos mais de 30 acordos coletivos firmados entre 2007 e 2008 com diversas categorias.
 
Esses acordos fixaram reajustes até 2010, o que reduziu o movimento grevista. Com o fim dos acordos, as greves voltaram no ano passado.Os funcionários do Ministério do Trabalho, por exemplo, pararam por mais de seis meses por reestruturação da carreira, sem sucesso.
 
Segundo o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, no cargo desde 2007, as greves ficaram mais longas por causa da eleição:"As categorias fizeram a leitura de que o governo fica enfraquecido em ano eleitoral. Mas não podíamos assumir compromissos para 2011, quando mudaria o governo".
 
Durante o governo Lula, a despesa com pessoal saltou de R$ 75 bilhões para R$ 183 bilhões, mas manteve-se em cerca de 5% do PIB (Produto Interno Bruto), ressalta ele.
A orientação da nova presidente, Dilma Rousseff, foi de apertar os cintos por causa da crise externa. Segundo Duvanier, a maioria das categorias entendeu o novo contexto "de restrição severa do orçamento" e não parou.
 
Depois de 23 greves em 2010, só duas categorias pararam neste ano, afirma: a dos servidores dos institutos de ensino técnico e a dos funcionários administrativos das universidades (paralisação de mais de três meses). Já entre as estatais, a greve nos Correios durou 28 dias (a maior desde 1994). Segundo Rivaldo da Silva, presidente da categoria, a paralisação se estendeu porque o governo não aceitou negociar sem suspensão da greve.
 
"O governo Dilma não tem a mesma postura do governo Lula, que era mais próximo dos movimento sociais", diz. Para o professor José Dari Krein, do Centro de Estudos Sindicais da Unicamp, a duração das greves continuou aumentando em 2011, nos setores público e privado.
 
Segundo ele, o desemprego baixo dá mais segurança para o trabalhador se arriscar em greves. Já a inflação alta deixa o empregador menos inclinado a dar ganhos reais.
 
A greve dos bancários deste ano durou 21 dias e foi a maior desde 2004. A dos operários da Volkswagen no Paraná foi recorde (37 dias). Segundo José Silvestre, do Dieese, é difícil estimar os prejuízos que as paralisações trazem para a sociedade.
 
O Banco Central atribuiu à greve dos bancários a alta da inadimplência em outubro, por exemplo. Com agências fechadas, os credores tiveram dificuldade em negociar e recorrem a crédito caro, como cartão e cheque especial.