E-mails reforçam ligação de Marcelo Odebrecht com setor de propinas

6 de setembro de 2016 10:40

E-mails apreendidos pela Operação Lava Jato, coordenada pelo Delegado Federal Márcio Adriano Anselmo, na sede do Grupo Odebrecht, em junho de 2015, reforçaram o rol de provas da participação de Marcelo Bahia Odebrecht com o Setor de Operações Estruturadas – departamento que cuidava dos pagamentos de propina e caixa 2 da empreiteira, no esquema de corrupção descoberto na Petrobrás, noticiou o jornal Estadão na segunda-feira (5/9). 

 

Uma das mensagens eletrônicas, de julho de 2009, registrou reunião com executivos para tratar da “avaliação do primeiro semestre e planejamento para o segundo semestre” do setor com “MO”. 

 

Marcelo Odebrecht, identificado nas mensagens como “MO”,  foi preso em 19 de junho de 2015 na Operação Erga Omnes na 14ª fase da Lava Jato. Marcelo Odebrecht foi condenado em março deste ano a 19 anos e 4 meses de prisão. Acusado pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa ele ainda deve ser condenado em pelo menos outros dois processos abertos na Justiça Federal, em Curitiba. 

 

A ex-secretária do alto escalão da Odebrecht, Maria Lúcia Guimarães Tavares, presa em fevereiro deste ano, alvo da Operação Acarajé na 23ª fase da Lava Jato, foi a primeira pessoa da Odebrecht a fazer acordo de delação com a força-tarefa da Lava Jato. Maria Lúcia era a pessoa responsável pelo controle das entregas dos ‘acarajés’, como os investigados chamavam o pagamento de propina. Foi a partir dessa colaboração que a Procuradoria chegou aos pagamentos em conta secreta do marqueteiro do PT João Santana e sua mulher e sócia Monica Moura, responsáveis pelas campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e Dilma Rousseff, em 2010 e 2014. 

 

Delação 

 

Desde maio, o empreiteiro e um grupo de pelo menos 60 executivos da Odebrecht negociam delação premiada. As negociações com a força-tarefa da Lava Jato, que reúne membros da Procuradoria Geral da República (PGR) e da Procuradoria, em Curitiba, relembrou o jornal Estadão. 

 

O departamento de propina da Odebrecht foi alvo da Operação Xepa na 26ª fase da Lava Jato. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, executivos do Grupo Odebrecht, incluindo Marcelo Bahia Odebrecht, recorriam ao setor quando era necessária a realização de algum pagamento ilícito. 

 

Os pagamentos eram efetuados por meio de contas secretas mantidas no exterior, caso da propina paga aos dirigentes da Petrobrás, e através de entregas de dinheiro em espécie no Brasil. Durante as investigações, coordenada pelo delegado Márcio Anselmo, revelou-se que a empreiteira valeu-se até de um banco comprado por executivos em paraíso fiscal, por onde eram movimentados os pagamentos ilícitos. 

 

De acordo com a Lava Jato, dirigiam o setor da propina Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, Fernando Migliacci da Silva e Luiz Eduardo da Rocha Soares. As secretárias Ângela Palmeira Ferreira e Maria Lúcia Guimarães Tavares fecharam delação em março e entregaram toda sistemática do setor, que contava ainda com papel do ex executivo Isaías Ubiraci Chaves Santos. Todos são réus em ação penal que tem o Setor de Operações Estruturadas como alvo por organização criminosa e lavagem de dinheiro. 

 

Leia a íntegra da reportagem do jornal Estadão: http://zip.net/bgtr16