“É uma organização criminosa violenta”, diz diretor da Polícia Federal sobre PGC
Santa Catarina tem uma facção criminosa violenta, um grande mercado consumidor de cocaína, organizações ilícitas que atuam no ramo de cigarro e lavagem de dinheiro por criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.
As declarações são do diretor de combate ao crime organizado da Polícia Federal, delegado Oslain Santana, um dos painelistas da 12ª conferência da Associação Internacional dos Chefes de Polícia (IACP), nesta quinta-feira, em Florianópolis.
Antes da palestra, ele conversou com o Diário Catarinense sobre o crime organizado no Estado. Abaixo os principais trechos:
Diário Catarinense — A legalização das drogas está sendo discutida em vários países. Qual a sua opinião?
Oslain Santana — A medida não é válida. Uma das alegações é que você diminui a criminalidade em razão da legalidade, o que não é verdade. Temos drogas lícitas, como o álcool e o tabaco, que têm organizações criminosas atuando por trás. 40% do mercado do cigarro no Brasil — que é uma droga lícita — é dominado pelo crime organizado, normalmente na região de fronteira de Santa Catarina e organizações criminosas paraguaias e brasileiras.
DC — Santa Catarina é corredor de passagem de drogas. Como a PF vê essa realidade?
Santana — A questão hoje em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo — que são os estados mais desenvolvidos do país — é porque droga é negócio. Por que os Estados Unidos são o maior consumidor de drogas do mundo? Da mesma forma, os estados mais ricos vão sofrer principalmente com o tráfico de cocaína, porque tem mercado consumidor.
DC — Em Santa Catarina há a facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (responsável por ondas de atentados nas ruas). Há preocupação com a volta dos líderes do Regime Disciplinar Diferenciado (em presídios federais) ao Estado em 2015. Como enfrentar isso?
Santana — É uma organização criminosa violenta. O enfrentamento é com inteligência e integração com todas as polícias, fazer um mapeamento e o acompanhamento.
DC — Há informações da vinda de criminosos do PCC (de São Paulo) e do Comando Vermelho ao Estado…
Santana — Em 2012 foi preso em Itajaí um integrante do PCC, o Piauí (Francisco Antônio Cesário da Silva). É normal, uma realidade por ser um estado muito rico e eles acabam fazendo a lavagem dos seus recursos aqui, de esconder e legalizar aqui, e também para se refugiar. São casos isolados como há no Nordeste e no Centro-Oeste. Mas não há uma migração grande. Estamos acompanhando.