Eduardo Azeredo deve ser denunciado por peculato

20 de agosto de 2007 09:33

Conforme investigação da Polícia Federal concluída em julho de 1998, o empresário Marcos Valério de Souza usou contas bancárias de suas empresas para girar um caixa dois, alimentado com dinheiro público e privado, que teria beneficiado a frustrada campanha de Azeredo para se reeleger governador de Minas Gerais e também a de aliados do tucano.

No relatório da investigação, a PF afirma que Valério montou uma metodologia nova para lavar dinheiro destinado a políticos: toma empréstimos em bancos, repassa o dinheiro para o interessado e, na hora de pagar a dívida, usa recursos que recebe por meio de contratos com o poder público e também com empresas privadas.

Para a PF, o sistema de financiamento do caixa dois, que teria ficado claro na campanha de Azeredo em 1998, é a origem da engenharia financeira que Valério pretendia montar para o mensalão nacional. Mas o ciclo não se completou, pois foi descoberto após o escândalo dos Correios, em 2005, denunciado por Roberto Jefferson, então deputado pelo PTB-RJ.

Um laudo do Instituto Nacional de Criminalística que integra o inquérito indica que, em 1998, Valério fez 27 operações para injetar R$ 38 milhões em contas de suas empresas. Em nove empréstimos, dos bancos Rural e BCN, obteve R$ 34 milhões. Segundo a PF, por meio de saques e transferências, parte do dinheiro foi para campanhas políticas.

Azeredo declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas ter arrecadado R$ 8,5 milhões. Quando se tornou público o esquema, ele admitiu uma arrecadação paralela, de R$ 8,5 milhões, fruto de um empréstimo ao Rural -sem o seu conhecimento. Sempre negou a prática de qualquer crime.

O senador atribuiu a responsabilidade a Cláudio Mourão, o tesoureiro de sua campanha, que também deverá ser denunciado por peculato.

O laudo pericial revela coincidência entre as datas em que Valério recebe créditos por supostos serviços a empresas públicas e privadas e pagamentos das parcelas dos empréstimos.

Em defesa de Valério, o advogado Marcelo Leonardo nega que os contratos de seu cliente com empresas públicas e privadas tenham servido para encobrir repasse a políticos. Diz que houve prestação de serviços.