Em oito anos, R$ 46 bilhões
O grande problema não são as parcerias com as ONGs ou entidades do gênero, mas a ausência de fiscalização sobre o uso do dinheiro do contribuinte. No total são 276 mil ONGs, quatro mil delas registradas no Ministério da Justiça. A CGU investiga 325 entidades suspeitas, focada nas 20 que mais receberam dinheiro. Num segundo grupo estão 120 ONGs que receberam entre R$ 2 milhões a R$ 10 milhões e, no terceiro, 180 beneficiadas com cifras entre R$ 200 mil a R$ 2 milhões.
Instada pela CPI das ONGs, a CGU se esforça para dizer que o volume de dinheiro caiu na comparação entre os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso. Mas suas próprias estatísticas demonstram que não é bem assim.
Se o critério for o valor das liberações corrigido pela inflação, Lula, de fato, deu menos dinheiro para as entidades: foram R$ 19,98 bilhões entre 2003 e 2006 contra R$ 28,04 bilhões liberados por Fernando Henrique de 1999 a 2002.
Mas quando a comparação é amparada em valores nominais liberados a cada ano, Lula foi mais generoso. No mesmo período, seu governo liberou R$ 17,79 bilhões, contra R$ 15,53 bilhões no governo anterior. A guerra de números tem a finalidade de criar um contraponto, mas não elimina o problema principal: o governo, seja do PT ou do PSDB, é perdulário e não fiscaliza. Os órgãos de controle, como CGU e Polícia Federal, são acionados quando há suspeitas de desvios, mas nenhuma possibilidade de recuperar o dinheiro público.