Empresa comprou votos
A investigação apontou que a empresa fluminense Gestora de Recebíveis Tetto Habitação comprou carteiras de créditos imobiliários da Cehap (Companhia Estadual de Habitação Popular) e do Ipep (Instituto de Previdência do Estado da Paraíba) com deságio de 86%.
Segundo o inquérito, o valor de face dos contratos era de R$ 329 milhões, e a Tetto pagou R$ 47,1 milhões, ou 14% do total.
De acordo com a PF, R$ 200 mil foram transferidos por Olímpio Vianna e Fernando Mello, que participaram da venda das carteiras de crédito, para a conta de Olavo Cruz de Lira, indiciado sob suspeita de compra de votos e dono de uma locadora que alugava carros para o governo, conforme a Folha informou ontem.
A transferência, apontou a conclusão do inquérito, foi feita de maneira “pulverizada”, em várias agências bancárias, em “clara intenção de fugir do controle” da fiscalização.
No dia 26 de outubro, antevéspera do segundo turno das eleições, Vianna e Mello transferiram R$ 40 mil para uma conta de Olavo Lira. Vianna também transferiu, no mesmo dia, R$ 30 mil para a conta da mulher de Lira.
Nos dias 26 e 27 de outubro, Lira e funcionários de sua empresa sacaram cerca de R$ 200 mil de agências bancárias para onde Vianna e Mello haviam transferido dinheiro.
De acordo com Lira, em depoimento à PF, o dinheiro enviado a ele era o pagamento da primeira parcela da compra de ações de uma de suas empresas, a Agroindustrial Lira. Porém, conforme o inquérito, a Junta Comercial não registrou a venda da empresa.
No dia 27 e 28, fiscais do TRE apreenderam cerca de R$ 406 mil, 40 camisetas amarelas (cor da campanha de Cunha Lima) e boletos de pagamento de contas de água, luz e telefone de eleitores pobres. No inquérito, algumas pessoas confirmaram que tiveram contas pagas por terceiros.
Ao final do inquérito, a PF pediu a remessa da cópia integral do documento ao Ministério Público Federal “para que sejam abertos novos procedimentos com o intuito de investigar a operação de venda das carteiras de crédito da Cehap e do Ipep à Tetto”. “Essa medida é necessária, pois há indícios da existência de crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária”, afirmou.
A oposição na Assembléia entrou com representação na Procuradoria pedindo apuração sobre irregularidades e pediu a abertura de CPI. O governador já foi cassado e está no cargo porque recorreu ao TSE.