Empresária pode continuar presa

24 de setembro de 2007 09:40

A Polícia Federal (PF) vai pedir à Justiça que mantenha presa a empresária Claudina Rodrigues Bonfim, de 37 anos, acusada de chefiar a máfia de exportação do Emagrecesim, remédio para perda de peso fabricado ilegalmente em Contagem, na Grande BH. O delegado Alexandre Chaves, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, diz que a permanência dela na cadeia é fundamental para esclarecer alguns pontos do esquema, entre eles quem é o fornecedor de produtos controlados usados na fórmula.

Os investigadores divulgam hoje detalhes do depoimento de Claudina, que foi tomado sexta-feira e varou a madrugada, e de mais 10 envolvidos. Eles vão sugerir também que Clarissa Bonfim, irmã de Claudina, continue na carceragem da PF, em Belo Horizonte. Ela pode fornecer informações importantes, pois participava de todo o processo de fabricação e venda do emagrecedor, desde a compra de matéria-prima à remessa do medicamentos para o exterior , justifica o delegado.

Alexandre Chaves informou que as declarações de Claudina confirmaram as informações do inquérito. Mas adiantou que houve várias contradições nos depoimentos dela e dos demais envolvidos. A Justiça decretou a detenção do grupo por 30 dias, renovável por mais 30. No entanto, o advogado Rodrigo Ribeiro Rodrigues, que representa a empresária e mais nove acusados, promete entrar ainda esta semana com pedido de relaxamento das prisões. O juiz deve consultar a PF antes de se decidir, o que é praxe nesses casos.

A quadrilha foi presa na última quarta-feira, durante a Operação Vênus, em Minas, São Paulo e Roraima. Claudina conseguiu escapar, mas foi capturada na noite do mesmo dia num shopping de Ribeirão Preto (SP). A tentativa de fuga pode pesar contra ela na Justiça. O delegado explica que a PF ainda não decidiu se pedirá a permanência de outros integrantes do grupo na cadeia, o que dependerá de uma análise mais aprofundada.

PAPELADA Os policiais passaram o fim-de-semana debruçados sobre a farta papelada apreendida na operação. O objetivo é levantar informações sobre o patrimônio e a movimentação financeira da quadrilha, além de identificar o fornecedor. Já está comprovado, segundo Chaves, que os produtos foram vendidos de maneira ilegal para a fábrica de Claudina, pois a operação era feita à revelia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O responsável será indiciado por tráfico de drogas , avisa.

À base de ansiolíticos e anfetaminas, drogas que podem causar dependência física e psíquica, o Emagrecesim era enviado para Venezulela, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Arábia Saudita. Apesar da fórmula nociva, era oferecido como produto 100% natural. A fábrica funcionava em Contagem, na Grande BH, e foi fechada pela PF. Cada frasco era vendido a US$ 200 nos EUA, onde começava a virar uma febre.

“Ela pode forncer informações importantes, pois participava de todo o processo de fabricação e venda do emagrecedor” Alexandre Chaves, delegado da Polícia Federal, sobre a irmã de Claudina, Clarissa Bonfim