Empresário diz à PF ser laranja de traficante colombiano
Com a prisão do traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, 44, na terça-feira, a Polícia Federal descobriu que a atividade empresarial de Marostica pode ser tão fictícia quanto um teatro de bonecos. O comerciante contou em depoimento à PF que era um dos laranjas do traficante: ajudou a comprar alguns dos principais bens de Abadía em São Paulo, no Rio e em Minas Gerais.
O comerciante diz ter recebido do traficante entre R$ 350 mil e R$ 400 mil pelas compras de bens pelos quais pagou cerca de R$ 5 milhões. Ele e a mulher, Ana Maria Stein, foram presos no mesmo dia em que Abadía, acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O comerciante contou ao delegado Ricardo Andrade Saadi que foi ele quem comprou a casa em que o traficante vivia no condomínio Morada dos Lagos, em Aldeia da Serra. Disse que recebeu R$ 850 mil de Abadia em dinheiro vivo e pagou R$ 750 mil pelo imóvel -R$ 100 mil ficaram para ele, como comissão. A casa foi colocada em nome de Marcio Alberto, cunhado do comerciante.
Marostica também confessou que foi ele que comprou uma casa em Angra dos Reis, no litoral sul do Rio, no Condomínio Porto do Frade, para o traficante colombiano. Pagou R$ 700 mil.
Curiosamente, o bem mais caro não foi a casa. Foi uma lancha Azimuth 520, de 52 pés (cerca de 17 metros), por cerca de R$ 2 milhões. O comerciante disse também que comprou cerca dez de carros e motos para Abadía, entre os quais Pajero Full, Audi A4, Audi A3, Frontier, L200, além de jet-skis.
A loja de Marostica, a Jet Pilot, também era do traficante e foi vendida em março -Abadía planejava fugir do Brasil. A Folha não conseguiu localizar o advogado de Marostica, Sergio Alambert.
A PF em Santa Catarina encontrou mais dinheiro e novos documentos escondidos em uma das casas de Abadía, após informações do próprio traficante. Foram apreendidos 122 mil (cerca de R$ 327 mil).