Entidade pede apuração da morte de suspeito

24 de março de 2008 13:48

Ele morreu na tarde de sábado (22) após ser encontrado ferido no pescoço e desacordado em uma cela na sede da Polícia Federal em São Paulo, na Zona Oeste. Alves chegou a ser levado a um hospital, mas não resistiu.

João Mendonça Alves é suspeito de traficar mais de uma tonelada de cocaína, segundo informou a PF.

De acordo com o secretário geral do Condepe, Ariel de Castro Alves, é necessário que seja esclarecido se houve participação de funcionário no crime com envolvimento na morte do suspeito ou por omissão. “A legislação brasileira estabelece que o estado é responsável pela vida do preso”, diz Alves explicando que, neste caso, o Governo federal era responsável pelo suspeito, pois ele estava detido na PF.

Por volta das 16h do sábado, o suspeito foi encontrado caído na cela e com ferimentos no pescoço. Ao seu lado, estava uma faca de plástico usada durante refeição. No Hospital Sorocabano, foi constatada sua morte, segundo informou a assessoria de imprensa da PF. “Como ele pode ter morrido tão rapidamente com uma faca de plástico?”, questiona Ariel Alves.

Para a Polícia Federal, que instaurou inquérito, a hipótese mais provável é de suicídio. A assessoria afirma que seu comportamento era “normal” antes da morte.

O Instituto Médico Legal (IML) constatou que a causa da morte foi hemorragia externa aguda traumática, conforme informações do atestado de óbito. O resultado das investigações e o laudo do IML ainda não foram concluídos.

Segundo a PF, o brasileiro estava isolado em uma “cela de transição”, porque havia sido preso no dia anterior. O procedimento é comum com os presos recém-chegados.

Ainda segundo a PF, o local passou por uma perícia e um laudo deve ser elaborado. Os outros dois homens do Suriname, que também faziam parte do esquema e foram presos na sexta-feira, continuam detidos na carceragem da PF em São Paulo. O brasileiro, que foi apontado pelos policiais como responsável pela “logística de exportação” da droga, foi detido em sua casa, na Zona Leste da capital.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP), ainda não decidiu se será instaurado um inquérito para que a Polícia Civil investigue o caso. Segundo o boletim de ocorrências, registrado como morte suspeita no 7º Distrito de Polícia, na Lapa, na Zona Oeste da capital, a Polícia Federal já começou a ouvir agentes policiais responsáveis pela carceragem. A SSP informou que a Polícia Civil solicitou perícia na cela e exame necroscópico da vítima.

O corpo do suposto traficante foi retirado do IML pela família na manhã do domingo (23) e foi levado para o cemitério Primavera 1, em Guarulhos, onde foi sepultado.

A apreensão da droga
Segundo a Polícia Federal, a droga apreendida chegava ao Brasil escondida em baterias de caminhão importadas e seria embarcada para Polônia e Holanda. O produto estava em um galpão onde seria enrolado em mantas de chumbo para não ser detectado na alfândega pelos aparelhos de raio-x. No galpão, a cocaína era embarcada em contêineres. Dois carregamentos seguiriam na próxima semana para a Europa pelo Porto de Santos.