Entrevista com Bergson Toledo Silva
ADPF – Concorda em criar núcleos (gabinetes) de investigações, sempre que o efetivo comportar, com o mínimo de um Delegado, um EPF, e dois APFs, com PCFs designados para cada equipe, ainda que lotados nos respectivos SETECs? O DPF será o chefe imediato? Onde não for possível, haverá núcleos específicos por matéria?
Bergson Toledo Silva – Perfeitamente, a ideia é excelente, vejo da sua importância para agilização das investigações, não só pelo tempo em si, mas para se ter conhecimento total do que se passa. Melhora sobremaneira a qualidade do trabalho.
ADPF – Fará gestões para dotar a PF de autonomia funcional e administrativa, tornando-a, definitivamente, em uma instituição independente, republicana, e de Estado?
Bergson Toledo Silva – Sim, a Polícia Federal será outra quando a gente conseguir essa autonomia, daí a razão maior de se conseguir a aprovação dessa MP 657, tão bem apresentada nesse final de governo.
ADPF – Valorizar os servidores administrativos?
Bergson Toledo Silva – Os servidores administrativos estão diretamente vinculados a administração em geral, entretanto, tem-se que se trabalhar para uma melhora significativa e, para isso, demonstrar ao governo que o trabalho é especial, diferente de outras Instituições, até pelo fato de ser policial. Merece o acatamento e luta de todos para uma melhoria significativa.
ADPF – Buscará, em lei, ou por acordo com os demais atores da persecução criminal, a seletividade das investigações, priorizando o combate aos crimes mais graves?
Bergson Toledo Silva – Sim, desde quando assumi o cargo de Delegado que a gente já conversava com outros colegas, chegamos a fazer isso em determinado período porque contava com o apoio de determinado Procurador da República, mas não foi possível continuar. Entretanto, a gente tem que manter um diálogo franco com as demais Instituições, sobretudo com a Procuradoria da República e a Justiça Federal, a fim de que se faça uma análise da situação e se consiga por em prática esse desejo de todos para melhorar o sistema e a prestação jurisdicional no combate aos crimes mais graves.
ADPF – Será mantida a atual estrutura da PF como Polícia Administrativa – PA e Polícia Judiciária – PJ, com a definição de prioridades de gestão, ou será separada a PA da PJ em dois segmentos com comandos distintos; ou, pretende promover alguma ação para retirar a PA das atribuições da PF, e nesse caso como seria posto isso em pratica? Para quais órgãos iriam essas atribuições e o que seria mantido na PF?
Bergson Toledo Silva – Nesse primeiro momento entendo que deverá se manter a estrutura atual, Polícia Administrativa e Polícia Judiciária. Entretanto, há que se modificar quando a sua operacionalidade, deixando os policiais mais em sua área própria e viabilizando que o número de servidores administrativos vá se adequando para essa parte ou seja, aos poucos e continuamente, até se obter uma situação tranquila. Jamais a gente deve perder essa Polícia Administrativa, é exatamente com ela que a Polícia Federal tem o seu marketing social, a pessoa do bem está sempre comparecendo a Polícia Federal para obter o seu passaporte, etc, quando conhece a realidade da Polícia, a prestação de serviços a sociedade nesse campo é fundamental, a gente não pode perder, o cidadão sai com boa impressão, além de se ter um banco de dados com mais viabilidade de acesso, tendo-se o controle.
ADPF – Promoverá gestões para implementar o que ficou definido no Congresso dos Delegados em Vitória, ocorrido este ano?
Bergson Toledo Silva – Sim, aos poucos as ideias apresentadas naquele Congresso deverão ser implementadas, não serão fáceis de aplicabilidade imediatamente. O mais importante, também, é a gente ouvir as pessoas para que haja uma decisão coerente com a realidade e o desejo de todos.