Ex-agente da PF foge de prisão

10 de junho de 2008 12:15

Ao ser abordado, nas proximidades da casa do juiz, na Barra da Tijuca, o suspeito identificou-se como agente federal. No entanto, na 16º DP (Barra), foi constatado que ele havia sido expulso da PF em 1997, acusado de seqüestro e extorsão. Autuado por falsidade ideológica, Rogério fugiu no início da noite, pela porta da frente da delegacia.

Alexandre Abrahão reagiu com indignação à informação de que o suspeito havia escapado da 16º DP dez horas após ser detido e autuado. Preocupado com a segurança da família, o juiz comunicou o fato ao presidente do TJ, desembargador Murta Ribeiro. A Diretoria Geral de Segurança Institucional do TJ já está tomando providências para apurar o caso. O corregedor-geral da Justiça, Luiz Zveiter, disse ter determinado o reforço na segurança do juiz.

Alexandre Abrahão já havia sido informado pela Polícia Federal sobre a existência de um plano para matá-lo, por causa das decisões tomadas por ele em processos referentes à máfia dos caça-níqueis e às milícias.

Foi o juiz quem decretou as prisões dos contraventores Fernando de Miranda Iggnácio e Rogério Andrade, que travavam uma guerra pelo controle dos caça-níqueis na Zona Oeste.

Além da fuga do suspeito, o juiz ficou revoltado com o fato de uma mulher, que se identificou como companheira do ex-agente federal preso, ter ido à sua casa, às 17h40m, pedir ajuda para libertar Rogério:  Imagine a minha surpresa ao ser informado pelo segurança de que a mulher do suspeito estava na porta da minha casa. O pior é que ela disse ter sido informada do meu endereço por policiais.

De acordo com testemunhas, Rogério estava no Vectra placa AJS-3152, estacionado na frente da casa do juiz pela manhã.

Ao voltar de uma caminhada, Abrahão foi avisado por um vizinho e alertou a Coordenadoria Militar do TJ. O exagente federal chegou a apresentar uma cópia da antiga carteira funcional, dizendo que estava realizando uma investigação para policiais civis de uma delegacia especializada.

O titular da 16aDP, delegado Carlos Augusto Nogueira, informou que abriu sindicância para apurar a facilitação da fuga. Segundo ele, o preso aproveitou o descuido de dois policiais, no momento em que as algemas foram retiradas para que ele assinasse o depoimento.

 Quando um inspetor foi buscar o documento na impressora, ele aproveitou para fugir. Vou punir esses policiais de maneira exemplar. Isso não pode acontecer  disse Carlos Augusto, indignado.

O juiz, responsável pelo processo sobre a máfia dos caçaníqueis em Bangu, recebeu o pen drive apreendido com Rogério Andrade durante uma operação da Policia Federal na Rodovia Presidente Dutra, em setembro de 2006. De acordo com a análise feita por agentes federais no acessório eletrônico, foram pagas propinas e mesadas num total de R$ 35,4 milhões, entre 2003 e 2006, conforme O GLOBO publicou no último domingo. O documento aponta que pessoas do alto escalão do estado teriam sido beneficiadas.