Ex-assessor tem sigilo quebrado

14 de maio de 2008 11:27

Uma das ONGs é a Meu Guri, presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho. A outra é a Luta e Solidariedade que, segundo a Polícia Federal, é presidida por Eleno Bezerra, vice-presidente da Força Sindical e braço direito de Paulinho.

A Meu Guri recebeu R$ 37,5 mil de Moura, de acordo com registro bancário de 1º de abril. A Luta e Solidariedade captou R$ 82 mil, depositados por Marcos Mantovani, consultor do esquema BNDES que a Operação Santa Tereza desmascarou.

A PF está convencida de que as duas ONGs foram usadas pelo esquema BNDES para fazer o fluxo do dinheiro tomado a título de financiamento.

A quebra de sigilo foi ordenada pelo juiz Marcio Ferro Catapani, da 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo. A pesquisa compreende os últimos cinco anos e atinge também Mantovani e sua empresa, a Progus Consultoria e Assessoria.

Foi decretada ainda a abertura dos dados da Termaq Escavações, da WE Original – boate que seria reduto do esquema – e de seu proprietário, Manuel Fernandes de Bastos Filho, o Maneco, que está foragido. Foi quebrado o sigilo fiscal do advogado Ricardo Tosto.

Ontem, o Tribunal Regional Federal (TRF) abriu inquérito contra o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB). O caso foi distribuído para o desembargador Fábio Priteto.

Defesa
O prefeito já está nos autos do TRF como indiciado, mas seu advogado, o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, esclarece: Mourão não está indiciado, esse termo representa na verdade um cacoete equivocado do cartório do tribunal. Estou absolutamente convicto de que o prefeito não tem nenhum envolvimento com os fatos denunciados. Ele pediu financiamento do BNDES, que foi deferido, mas os repasses demoraram. Diante disso, ele estava tentando abreviar a liberação da verba destinada a várias obras de importância social.

O advogado Frederico Crissiuma não vê problema na quebra de sigilo de Moura. Tudo o que ele tem, sabe explicar. Todas as transações e movimentação bancária têm origem lícita, disse.

A quebra do sigilo não é motivo de preocupação da defesa, disse o criminalista Luís Fernando Pacheco, que defende Maneco e a WE. Nossa preocupação é reverter a prisão preventiva, ilegalmente decretada.

Os dados obtidos com essa medida (a quebra de sigilo) vão demonstrar a absoluta inocência de Ricardo Tosto, afirmou o criminalista José Roberto Batochio. Essa providência vai ajudar a revelar a verdade.