Fardas estão à venda sem controle na internet

3 de outubro de 2007 10:53

Uniformes militares completos, inclusive do Bope, estão à venda pela internet. Algumas páginas não exigem qualquer documento ou identificação, como a que oferece a roupa do Batalhão de Operações Especiais com boina, distintivos, uniforme preto, camiseta com camuflagem urbana e coturno por R$ 226,50. A facilidade preocupa especialistas, que alertam para o perigo das falsas blitzes de bandidos fardados.

Para combater o problema, estados vizinhos dificultam ou mesmo proíbem a sua venda. No Rio, no entanto, não há uma legislação específica que a regule.
Por e-mail, um vendedor afirmou ao GLOBO que aceitava encomendas. Ele ofereceu o distintivo de boina original do Bope por R$ 20 e a insígnia com o símbolo da caveira por R$ 5, sem contar os R$ 4 de frete.
E afirmou: Meu Amigo, esse uniforme saiu de cena. rs.Virou febre! Nem meus fornecedores tem eles! (sic).

PF quer padronizar as suas camisetas Nem todos sites vendem fardas sem documentos. Os da loja Pramil e da Militar Brasil não concretizaram a venda sem identificação do comprador.
A Polícia Federal também está preocupada com a falsificação de suas camisetas. Um projeto para padronizá-las está sendo desenvolvido. De acordo com a PF, usar roupas de militares e policiais ou réplicas é falsidade ideológica. O crime só se materializa, no entanto, no uso indevido. Se o vendedor não exigir documentos na venda, pode ser considerado co-autor.
Essa iniciativa, no entanto,parte dos próprios vendedores.

A Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização afirmou desconhecer qualquer restrição à venda de fardamento militar. A prefeitura apenas verifica se a loja tem alvará para a atividade.
A PM também não se considera responsável pela fiscalização da venda de fardas. Em nota, informou que os uniformes da Polícia Militar como também os de Exército, Marinha, Aeronáutica, Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal são vendidos em estabelecimentos comerciais abertos ao público em geral.

Já em Minas Gerais, a venda de fardas está proibida desde agosto do ano passado. O uniforme, a farda, o distintivo e a insígnia da PM, da Polícia Civil, dos Bombeiros e dos demais órgãos de segurança pública só podem ser vendidos à corporação.

Para o militar comprar, precisa de autorização expressa do órgão a que pertença. A lei mineira prevê, ainda, advertência e multa de R$ 500 a R$ 5 mil, além de apreensão de mercadoria e cassação de autorizações.

Apenas três lojas são autorizadas a vender fardamentos no Espírito Santo, de acordo com a PM do estado. Compradores são obrigados a apresentar identidade funcional: soldados e cabos recebem o uniforme da corporação.

No estado de São Paulo, a lei que proíbe a venda de fardas, coletes e qualquer tipo de vestuário, bem como distintivos e acessórios das polícias Federal, Civil e Militar, de agentes penitenciários, guardas municipais e das forças armadas brasileiras, foi aprovada no dia 28 de junho. O projeto tramitou cinco anos e ainda depende de regulamentação do governador José Serra.

Bandidos estão comprando fardas, fazendo falsas blitzes.

Acho um absurdo a venda de fardas afirmou o deputado estadual de São Paulo Vanderlei Siraque (PT), autor da lei.

No Rio, o deputado Jorge Babu (PT) apresentou ontem um projeto de lei que determina que o estabelecimento só poderá efetuar a venda após a realização de um cadastro do comprador. Nele devem constar nome, endereço, telefone, CPF, identidade e o nome de duas pessoas para confirmar as informações fornecidas. A ficha contendo esses dados será encaminhada para a Secretaria de Segurança.

Não estou restringindo o uso ou a venda, mas pedindo que as pessoas sejam identificados na hora da compra. As pessoas não podem vestir roupas militares como se fosse fantasia.

É um perigo nas mãos de marginais disse Babu.

O presidente da Comissão de Segurança, deputado Wagner Montes (PDT), também está estudando a criação de uma lei que proíba a venda de fardamentos militares no estado. Ele lembra que já existe a exigência de cadastro de compradores no Rio e defende que as lojas deveriam adotar o mesmo critério de venda de armas.

Bandidos fardados roubam e fazem falsas blitzes O fardamento oficial do Bope está esgotado em lojas especializadas.O aumento da procura é atribuído ao filme Tropa de elite . O uniforme do Bope estaria fazendo sucesso em festas à fantasia. Nas lojas tradicionais na Praça Mauá, os vendedores geralmente exigem a identificação para venda do uniforme completo, mas é possível comprar o fardamento sem identificação da polícia e, separadamente, insígnias oficiais.

Vestidos como policiais federais, dois cabos dos Bombeiros e um terceiro cúmplice, que seria policial, roubaram R$ 30 mil, em agosto, do empresário Marcelo Alves dos Santos, na Barra. Bandidos armados com fuzis e granadas entraram no escritório da rede de supermercados Império da Banha, em São Gonçalo, em setembro de 2006, com camisetas da Polícia Federal. Eles roubaram R$ 20 mil e tomaram 30 funcionários como reféns.