Filhos de Erenice vão à PF, mas se recusam a falar

6 de outubro de 2010 11:20

Operadores de um esquema de lobby e tráfico de influência na Casa Civil, os filhos da ex-ministra Erenice Guerra, Israel e Saulo, recusaram-se ontem a prestar depoimento no inquérito da Polícia Federal que investiga o caso. Segundo o advogado Marcelo Leal, eles não responderam a nenhuma pergunta. A polícia ainda não definiu uma data para ouvir Erenice Guerra.

Israel e Saulo são donos da empresa Capital Assessoria e Consultoria Empresarial, que servia de intermediária em operações de empresas com interesses em contratos públicos e o governo federal. Em troca, exigiam uma "comissão de sucesso" de 5% sobre cada negócio que conseguiam promover para seus clientes na administração federal.

Laranja. O nome de Saulo Guerra consta no registro da empresa. Já Israel – que costumava chamar a candidata petista Dilma Rousseff de "tia" – é sócio oculto da consultoria, representado pela laranja Sônia Castro, que mora no interior de Minas Gerais. Sônia e seu filho Vinícius Castro, ex-assessor da Casa Civil também envolvido no esquema, depuseram na polícia na semana passada. Ambos também saíram calados.

Os filhos de Erenice Guerra só atenderam à intimação da Polícia Federal após a ameaça de serem conduzidos à força. O advogado Marcelo Leal orientou seus clientes a permanecerem em silêncio. Segundo ele, a estratégia de defesa consiste em aguardar os fatos ficarem "devidamente delineados".

"Componente político". "Entendemos que existe um forte componente político nisso tudo, mas meus clientes são absolutamente inocentes e tenho a certeza que isso será provado no final do processo", argumentou Leal.

O advogado dos filhos de Erenice disse acreditar "que tudo será provado". "Eles esperam que seja apurado da melhor forma possível para que seja comprovada a inocência deles no final", justificou Leal.

Hoje, o advogado da candidata à Presidência da República pelo PT Márcio Silva também será ouvido. Ele é um dos sócios do escritório Trajano & Silva Advogados, onde Israel Guerra despachava com empresários interessados em fechar negócios com o governo. Amigo de Erenice e de seu irmão, Antonio Alves Carvalho, que trabalhou no escritório, Silva afirma que se limitava a emprestar a sala de reuniões para Israel Guerra.

O advogado será a décima pessoa intimada pelo delegado encarregado da investigação das denúncias sobre tráfico de influência na Casa Civil, Roberval Vicalvi. A Polícia Federal não definiu quando ouvirá Erenice Guerra, pivô do escândalo. Braço-direito de Dilma quando a atual candidata comandou a Casa Civil, a ex-ministra foi acusada pelo empresário Fábio Baracat de avalizar as transações intermediadas por seus filhos. Na cúpula da campanha de Dilma, o escândalo da Receita é apontado como um dos fatores que tiraram votos da petista na reta final da campanha.

PARA LEMBRAR

No mês passado, a imprensa revelou que Israel e Saulo Guerra, filhos da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, faziam parte de um esquema de tráfico de influência no governo. De acordo com as denúncias, o esquema consistia em cobrar "comissão de sucesso" de 5% sobre cada negócio que conseguiam promover para seus clientes na administração federal. 

Fonte: Estadão