Força é investigada por desviar verba
Segundo a polícia, a Força desviava recursos do fundo a partir de alunos fantasmas inscritos em cursos de qualificação profissional em Piraju, cidade onde nasceu a mulher de Paulinho, Elza Pereira. Ela é presidente da Meu Guri, ONG citada na investigação sobre fraudes em financiamentos do BNDES.
Segundo a PF, a Força contratava a Fundação João Donini, com sede em Piraju, mas muitos dos alunos eram matriculados duas vezes no mesmo curso. Alguns cursos teriam sido registrados em cidades da região, na divisa com o Paraná, mas não teriam saído do papel. A fundação, com sede em Piraju, seria a responsável pela formatação dos cursos.
O contrato entre a Força Sindical e a Fundação João Donini era de R$215 mil. O desvio ocorreu em 2002, ano seguinte à compra considerada superfaturada da Fazenda Ceres, em Piraju. Adquirida por R$2,8 milhões com intermediação da Força Sindical para assentamento de produtores rurais, há sete anos que o local está improdutivo. A dívida já chega a R$5,4 milhões.
No documento da PF consta que, pela análise dos CPFs de 1.039 pessoas inscritas nos cursos, 342 haviam sido cadastradas mais de uma vez para o mesmo curso. Um exemplo mostra pessoas matriculadas em dois cursos de artesanato ao mesmo tempo e em locais distintos. Diz a PF: “A Força Sindical, por ser a intermediária entre a contratação dos serviços e o emprego das verbas federais, tinha o dever de realizar a verificação, in loco, de todas as atividades decorrentes do convênio em apreço”.
Até CPFs de pessoas mortas podem ter sido usados
A PF suspeita que a Força Sindical tenha usado CPFs até de pessoas mortas para garantir o número de alunos necessários para a liberação de recursos do FAT. Não há no inquérito alusão ao desvio de verbas do BNDES sendo investigado pela superintendência da PF. O nome de Paulinho aparece como um dos possíveis beneficiários do esquema.
A PF apurou que no quadro de sócios e funcionários, a fundação não tinha ninguém habilitado para prestar tais cursos. Entre os sócios estariam até delegados, que estão sendo investigados. A fundação fechou as portas logo em seguida à descoberta da fraude. O GLOBO procurou o presidente da fundação, João Francisco Donini. Por intermédio de um funcionários, ele disse que não tinha o que falar sobre o caso.
O presidente da Força Sindical também não respondeu aos recados deixados em seus dois celulares e com assessores.