Força Sindical pode ter recebido dinheiro de financiamento
No e-mail enviado por Mantovani, preso desde abril, a um consultor, o empresário afirma que, em alguns casos, as negociações envolvem “participantes especiais”: “É assim que funciona o esquema de parceria típica de negócios e política”, relata Mantovani.
Responsável pelos projetos de pedidos de empréstimos ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Mantovani trocou correspondência com um consultor contratado pela Progus e, no dia 15 de dezembro de 2004, escreveu o seguinte:
“Lembre-se que a Progus tem parceria com LTB (o escritório de advocacia Leite, Tosto e Barros) nos casos de projetos do BNDES. O grupo de parceiros foram (sic) divididos em três equipes participantes. Na técnica, soma-se o LTB, na política, eles têm os deles e no agente a base da Força (Sindical).”
Mais adiante, o empresário escreve: “A Progus vai receber bruto um terço do valor acertado com as empresas”. E faz uma projeção de ganho para o contratado em 2005: “Se, por ventura, conseguirmos o esquema sindicalizado com a Cooperativa, sua expectativa de ganho sera próxima a R$1 milhão”.
O advogado da Força Sindical, Antonio Rosella, afirmou que o e-mail associando o nome da Força Sindical é “uma bruta novidade”. Ele criticou o vazamento de informações do inquérito e disse não ter nenhuma informação a respeito.
– É uma violência moral. A Força Sindical não praticou nada disso – disse.
A assessoria de imprensa do escritório Leite, Tosto e Barros, do qual é sócio o advogado Ricardo Tosto, informou que advoga para a Progus e para Mantovani em alguns casos e que recebera, à época, uma proposta de parceria do empresário, mas que a mesma foi rejeitada.
Rateio de R$40 milhões liberados incluiria deputado
Em 2004, o consultor da Força Sindical João Pedro de Moura, que hoje está preso devido à Operação Santa Teresa, era conselheiro do BNDES e assessor da sede nacional da Força. A Progus agendou reunião com o BNDES com a presença de uma equipe de assessoria técnica da Força Sindical para apresentar o projeto de empréstimo à prefeitura de Praia Grande, em 2006. Do empréstimo de R$124 milhões, dos quais R$40 milhões foram liberados, a PF descobriu um rateio de comissão que teria chegado até o deputado Paulinho.
Agora, mais e-mails extraídos do computador da Progus e uma compilação das planilhas de rateio e das gravações telefônicas feitas pela PF chegaram à Procuradoria Geral da República em 97 páginas de um relatório denominado “Paulinho” e um CD. O material foi enviado pelo PF a Brasília na semana passada.