Força-tarefa entra em ação

26 de outubro de 2007 11:43

Técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura iniciaram ontem uma operação conjunta em Uberaba, no Triângulo Mineiro, para mapear a extensão da fraude no leite longa vida integral. Os trabalhos de investigação já começam a aparecer e, hoje, a Anvisa publica no Diário Oficial da União a relação dos lotes e das unidades industriais de três marcas que serão recolhidas em todo o Brasil.

A representante da Gerência de Inspeção e Controle de Risco de Alimentos da Anvisa, Laura Brant, disse ontem em Ribeirão Preto (SP) que essa é uma interdição cautelar. Apesar de não citar os nomes dos produtos, as marcas investigadas são Parmalat, Calu e Centenário.

A força-tarefa pretende identificar quais empresas e supermercados eram abastecidos pelas duas cooperativas interditadas pela Polícia Federal. Com a realização do rastreamento, a Anvisa poderá iniciar os procedimentos de coleta do leite para análise , disse a gerente-geral de alimentos da agência, Denise Resende.

A Anvisa, com base nesse mapa, deve avaliar a qualidade do leite das empresas que usaram o produto das cooperativas acusadas de envolvimento na irregularidade a dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Copervale), de Uberaba, e a Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), de Passos, na Região Sudoeste. Investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Estadual (MPE) apontam que o leite produzido nas duas unidades era vendido para empresas, como a Parmalat, Calu e Centenário.

Segundo a Vigilância, a população será informada dos resultados das análises e, se for constatada irregularidade, o produto pode ser retirado do mercado. Além dessa punição, a empresa pode sofrer sanções, como advertência, interdição e multa de R$ 200 mil a R$ 1,5 milhão. Também participam da operação, em Uberaba, representantes da Vigilância Sanitária do Estado de Minas Gerais (Visa-MG) e dos ministérios públicos Estadual e Federal.

Além da operação em Uberaba e Passos, a Polícia Federal trabalha, desde segunda-feira, na coleta de amostras de leite longa vida integral em todo o país. A determinação é para que as mais de 130 superintendências e delegacias da PF no Brasil recolham os produtos em supermercados, padarias, farmácias e demais estabelecimentos para que sejam submetidos a testes de qualidade. Segundo a assessoria da polícia, a coleta em Minas coordenada pelas regionais de BH, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Uberaba, Uberlândia e Varginha já está bastante avançada.

Todo o material recolhido ficará guardado na sede das superintendências regionais até que a Coordenação-Geral de Polícia Fazendária decida o local de análise das amostras. Estão credenciados para fazer o trabalho o Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, em Brasília (DF); o Setor Técnico-Científico da PF; e o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), do Ministério da Agricultura.

INTERVENÇÃO O vice-presidente da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), Adriano Maia Soares, foi detido ontem à tarde pela Polícia Federal. Ele estava foragido desde segunda-feira e está na cadeia pública de Passos. Seis pessoas suspeitas de estarem envolvidas com o esquema de adulteração de leite em Passos continuam presas.

O gerente industrial da Casmil, Divino dos Reis Balbino, o auxiliar de recepção de leite, Adenilson da Silva Ramos, e Gabriel Lourenço Alves foram liberados. Já o presidente da cooperativa, Dácio Del Fraro, que estava internado na Santa Casa de Passos, recebeu alta na quarta-feira e foi preso novamente.

De acordo com o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor Antônio José de Oliveira, toda diretoria acusada está afastada. O Procon revogou a suspensão da comercialização do leite, mas a fiscalização continuará. A Vigilância Sanitária Estadual pediu uma cópia das análises do leite da Casmil para o Lanagro e, se for comprovada a contaminação, o departamento pedirá a apreensão de todos os produtos comercializados pela Casmil e outras marcas investigadas em Minas Gerais , ressaltou.

CPI

O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu ontem a adoção de iniciativas pela Casa para investigar o problema do leite. Chinaglia admitiu a possibilidade de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), como noticiou, com exclusividade, o Estado de Minas. Cabe à Câmara tomar uma atitude. Pode ser uma CPI. Eu pessoalmente sou a favor de investigar ou, no mínimo, fazer pressão para que se esclareça a questão , afirmou.