Gautama: investigação parada na Câmara

13 de agosto de 2007 09:57

O início dos trabalhos que ocorreria na retomada do semestre legislativo foi adiado com a licença de um dos integrantes da CPI, o deputado Aguinaldo de Jesus (sem partido), indicado pelo bloco Democrático Social Brasileiro (PMDB e PR). Um novo nome deverá ser escolhido para que a comissão comece a funcionar.

Entre os potenciais integrantes da CPI estão os peemedebistas Benício Tavares, Rôney Nemer e Pedro Passos, além de Wilson Lima (PR). Benício já declarou que não pretende participar da investigação. Passos teria dificuldades porque será um dos alvos da CPI. Ele é acusado pela Polícia Federal (PF) de beneficiar a empreiteira Gautama e seria considerado suspeito para analisar o assunto. Nemer, por sua vez, está de partida para o Executivo. Assim que a Câmara Legislativa aprovar projeto de lei que cria a Companhia Habitacional do Distrito Federal, órgão executor de política habitacional, Nemer ocupará a presidência do novo órgão. A expectativa é de que o suplente de Aguinaldo de Jesus, Bispo Renato (PR), ao tomar posse na Casa, seja indicado para a CPI, já que Wilson Lima também não demonstra interesse em participar da investigação.

Na sexta-feira passada, um ato da presidência da Câmara estabeleceu prazo até a próxima quarta-feira para a nova indicação. Caso isso não ocorra, o presidente da Casa, Alírio Neto (PPS), poderá escolher um deputado do PMDB ou PR que ficará encarregado de representar o bloco. Na próxima quinta-feira, o presidente e relator deverão ser eleitos, caso a composição da CPI esteja concluída. Autor do requerimento da CPI, o deputado Berinaldo Pontes (PP) disputa a presidência da comissão e Cabo Patrício (PT) quer brigar pela relatoria. Mas os dois deverão enfrentar dificuldades porque a bancada rorizista na CPI é majoritária.

Na comissão, os deputados vão investigar a relação do governo liderado pelo peemedebista Joaquim Roriz e pela tucana Maria de Lourdes Abadia com a Gautama. O tema em discussão são eventuais irregularidades em licitações e contratos firmados com a empreiteira. Dois dos mais próximos aliados de Roriz na Casa, Jaqueline Roriz (PSDB) e Júnior Brunelli (PP), vão integrar a CPI. Com apenas mais um voto, todos os requerimentos controversos serão barrados. “Na minha opinião, a deputada Jaqueline Roriz deveria ter bom senso e não participar da CPI, como forma de demonstrar à população que a investigação é isenta”, avalia Berinaldo. “Mesmo se constatarmos a necessidade de convocar o pai dela, a deputada jamais votará a favor”, acrescenta o distrital. Jaqueline já declarou que não vê nenhum impedimento para participar dos trabalhos.

Na avaliação do petista Cabo Patrício, um outro entrave para o início da CPI é a falta de interesse dos distritais em discutir o assunto. Ele avalia que os colegas não têm demonstrado empenho para a instalação da comissão porque a Operação Navalha não está mais em evidência. O assunto mais controverso a suposta participação do deputado Pedro Passos já está sob apuração na Comissão de Ética da Câmara. “Os deputados não estão dando importância para essa CPI”, afirma Patrício.