Governo de Roraima solicita retirada da PF

4 de abril de 2008 13:32

Ao mesmo tempo, lideranças dos arrozeiros mantiveram os bloqueios para impedir a entrada de agentes federais na área.

A operação da Polícia Federal teve início na semana passada e também pretende retirar outros não-indígenas que se negam a abandonar a área, homologada em 2005 pelo presidente e onde, de acordo com o decreto de criação, só pode permanecer a população indígena.

Bloqueios
As ações para impedir que a PF e outros agentes federais tenham acesso à terra indígena prosseguiram ontem na vila do Surumu. O rio Uraricoera recebeu rondas a cavalo dos manifestantes para impedir o acesso fluvial à região. A única balsa que faz o transporte para o local foi retida. As pistas de pouso de aeronaves foram bloqueadas.

No final de semana, os manifestantes queimaram pontes que servem de ligação terrestre à área indígena. Um grupo de 40 índios macuxis se uniu aos manifestantes.

Eles esperam a chegada de outros 300 macuxis da comunidade do Flechal, também localizada dentro da reserva e que também apóiam os arrozeiros. O líder da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero, disse que uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o caso é a única alternativa para a solução pacífica do conflito.

Quartiero afirma que haverá conflito caso a Polícia Federal decida agir para retirar os arrozeiros da Raposa/Serra do Sol.

Protesto
De acordo com a Polícia Militar do Estado, mais de 300 pessoas estiveram presentes em manifestação em Boa Vista contrária à retirada dos não-índios da reserva. O protesto aconteceu ao mesmo tempo em que era assinada a carta para Lula.

De acordo com a assessoria de imprensa do governo de Roraima, Anchieta Júnior viajou ontem a Brasília com o objetivo de entregar a carta para o ministro Tarso Genro (Justiça). Seis carretas foram colocadas em frente ao prédio da Assembléia Legislativa e atrapalharam o trânsito na capital.

O Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da Polícia Militar foi chamado, mas ninguém foi preso. A assessoria da Polícia Federal em Brasília afirma que atualmente a ação dos policiais na região se restringe ao “convencimento” dos moradores que devem ser sair.

No máximo em 30 dias, de acordo com a assessoria, cerca de 500 funcionários federais deverão chegar à Raposa/Serra do Sol para participar da Upatakon 3.