Governo pede esclarecimentos aos EUA sobre espionagem
O Governo brasileiro reagiu à denúncia com preocupação e indignação: pediu explicações aos Estados Unidos e determinou que a Polícia Federal investigue o caso.
Logo cedo, a presidente Dilma Rousseff chamou os ministros para uma reunião. E pediu providências imediatas sobre a denúncia. O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, foi acionado em Paraty, onde participava da Flip, a Festa Literária Internacional. E divulgou uma nota em que o governo brasileiro afirma que recebeu com grave preocupação a notícia de que os Estados Unidos teriam monitorado emails e telefonemas de brasileiros. E pede esclarecimentos ao governo norte-americano.
O Brasil também pretende buscar junto à União Internacional de Telecomunicações e à Organização das Nações Unidas, a ONU, uma maneira de proibir abusos e impedir a invasão da privacidade dos usuários de redes de comunicação para proteger os direitos dos cidadãos e a soberania dos países.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, foi escalado pelo governo para falar sobre o caso. Segundo ele, o Planalto considerou a denúncia muito grave e quer saber se empresas nacionais ou estrangeiras com representação aqui, como Google, Facebook e Gmail, passaram informações sigilosas de cidadãos brasileiros para o governo norte-americano.
“Hoje nós temos uma conotação muito mais forte. Nós temos um jornal brasileiro, O Globo, com uma notícia dizendo que há entrega e coleta de dados de ligações locais, inclusive. É muito grave até porque isso é se confirmado é ilegal, inconstitucional, e com certeza vai dar processo, vai dar problema grave e nos precisamos apurar tudo isso”, afirma Paulo Bernardo.
O ministro disse que a presidente Dilma ficou indignada. E que a nesta segunda-feira a Polícia Federal vai ser acionada para investigar o caso.
“A nossa Constituição garante que as ligações telefônicas, as correspondências são protegidas por sigilo, o cidadão tem direito a privacidade. Quer dizer, a partir do momento que começa a sair notícia de que estão abrindo email, monitorando ligações telefônicas em massa, é um absurdo completo, porque isso, repito, contraria lei, e mais do que isso, contraria a Constituição”, afirma Paulo Bernardo.
A produção do Fantástico tentou falar com representantes das empresas citadas pelo ministro, mas não conseguiu contato. Segundo o Governo, a Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, também participará das investigações.