Grampos alterados
Uma das fitas submetidas à perícia de Molina tem gravações de Marina, como inspetora de Polícia Civil e candidata ao cargo de deputada, conversando com o policial Hélio Machado da Conceição, o Helinho, preso por suposto envolvimento com a máfia dos caça-níqueis.
Na conversa, Marina afirmava, irritada, que investigação é um monte de tiro na cara dele, referindo-se ao delegado de Polícia Civil Alexandre Neto vítima de um atentado no ano passado em Copacabana.
Outra fita que foi analisada, segundo Marina, pela perícia de Molina é a que contém uma conversa entre os policiais civis Fernando Rodrigues Santos, o Fernando Salsicha, de sua equipe, e Marcos Bretas, o Marcão, acusado de ligação com a máfia dos caça-níqueis. Na conversa divulgada pela Polícia Federal, Marcão dizia a Fernando que tinha arrumado mais 30 para a campanha eleitoral de Marina. A deputada afirma que conseguirá mostrar terça-feira que a frase correta era: Arrumei mais 30 votos.
O Marcão ligou para o Fernando para perguntar o meu número. O Fernando responde: 2315. E o Marcão diz que tinha arrumado mais 30 votos para mim. Na ocasião, foi divulgado que o 30 era de R$ 30 mil, declara a deputada.
Na terça-feira, ex-presidente da Seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai à CPI, a convite da deputada. Marina promete desengavetar todas as investigações arquivadas sobre um grampo ilegal realizado no gabinete da OAB em 2006.
O presidente da CPI, deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), informou que hoje será a vez dos representantes das operadoras de telefonia brasileiras inclusive de celular.
Deputados pedem mais fiscalização
O relator da CPI das Escutas Telefônicas, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), disse ontem que, depois da comissão ter ouvido representantes da Associação dos Juízes Federais (Ajufe) e da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), a conclusão é de que os juízes não fazem o acompanhamento dos grampos depois que os autorizam. A opinião é compartilhada em parte pelo presidente da CPI, deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ).
Foi importante ouvir o Judiciário porque a interceptação telefônica é uma medida extraordinária e que muitas vezes é realmente necessária para a investigação. Mas realmente há falta de mais fiscalização dos mandados concedidos pelo Judiciário, tanto do prazo para a permanência do grampo quanto da escuta em si, disse Itagiba. O prazo estabelecido pela Lei 9296 é de 15 dias, prorrogáveis por mais 15, sempre por meio de decisão da Justiça.
A deputada Marina Maggessi, para exemplificar a falta de controle, promete apresentar, também na terça-feira, uma fita de vídeo em que aparecem um delegado da Polícia Federal, um procurador e um agente federal preso por extorsão em um interrogatório. São feitas promessas ao preso com base numa suposta proximidade do delegado e do procurador com uma juíza. E, de fato, todo pedido de medida cautelar à juíza incluindo grampo foi concedido, relatou a deputada.