Grupo de índios é suspeito de matar quatro homens

17 de dezembro de 2007 10:26

Índios da etnia apinajé, em Tocantins, mataram a pauladas quatro homens ligados à prefeitura de Cachoeirinha (TO), que entraram na aldeia Buriti Comprido para recuperar um trator que estava em poder dos indígenas. Os índios contaram à Polícia Militar de Araguaína que os homens teriam chegado armados à aldeia e disparado tiros para o alto. O crime ocorreu na tarde do último sábado. Entre as vítimas, dois eram secretários municipais da prefeitura: o de Agricultura, Valfredo Rodrigues, de 32 anos, e o de Finanças, Jonas Pereira, de 29.

Os corpos dos quatro foram liberados na tarde de ontem pelo Instituto Médico-Legal de Araguaína, que fica a 200 quilômetros da reserva indígena. Os outros dois assassinados foram Silveira Cordeiro da Silva, de 35 anos, e Guterre Leônidas de Souza, de 24 anos. Os dois prestavam serviços para a Prefeitura de Cachoeirinha.

Segundo a PM, um quinto invasor conseguiu escapar dos golpes dos índios e fugiu.

Índios dizem que invasores entraram atirando

A Polícia Militar informou ainda que o prefeito de Cachoeirinha, Messias Oliveira (PT), procurou a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Federal e solicitou providências, que não teriam sido tomadas. Alguns dos homens que foram até Buriti Comprido seriam amigos do prefeito.

Os índios contaram que os funcionários entraram atirando, e um deles já estava sentado no trator, pronto para removê-lo. Em seguida, os indígenas chegaram e, com bordunas, atacaram.

Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a Funai informou ontem que é proibida a entrada de pessoas não autorizadas nas aldeias e também que é ilegal entrar na área com armas. Até o início da noite de ontem, a fundação ainda não tinha recebido informações de seus servidores locais sobre o episódio.

De acordo com relatos, quando os funcionários da prefeitura entraram na aldeia, cerca de 90 índios participavam de uma festa. Eles chegaram num Gol por volta das 16h30m. As mulheres indígenas foram as primeiras a reagir, e em seguida chegou um grupo de índios. Os aliados do prefeito estariam com revólveres e espingardas. Os índios as esconderam na mata e não as entregaram aos policiais. Um dos disparos feitos pelos homens atingiu de raspão o braço de um apinajé.

Agentes da Polícia Federal chegaram à reserva no início da noite de sábado e, a princípio, foram impedidos pelos índios de entrarem. Somente depois de duas horas e muita negociação, os indígenas permitiram ao menos que os policiais retirassem os corpos do local do ataque.

Trator foi levado pelos índios há duas semanas

O trator foi levado há duas semanas para a aldeia. Os índios acusam o prefeito Messias de não cumprir a promessa de construir uma estrada na proximidade da aldeia e de não instalar energia elétrica.

O chefe do posto da Funai em Tocantinópolis, Josivan da Silva, informou que, com medo de uma reação da população, os índios deixaram a aldeia e foram para outra, de nome Buriti, que fica a um quilômetro de Buriti Comprido.