“Homem-aranha” tem visto cancelado
Segundo PF, o francês vai ser intimado a sair do país. A PF espera apenas receber informações da Polícia Civil de São Paulo sobre o termo circunstanciado assinado pelo francês, que na quarta-feira (28) escalou o Edifício Itália, no Centro de São Paulo.
A advogada de Alain Robert, Fabíola Emilin Rodrigues, vê uma contradição entre a postura da Polícia Federal e as determinações da Polícia Civil. Ao descer do Edifício Itália, o homem-aranha foi levado ao 3º Distrito Policial, em Campos Elíseos, prestou depoimento e assinou um termo circunstanciado por ter colocado a própria vida em risco.
O turista foi liberado depois de assinar o compromisso de comparecer sempre que solicitado. Com o visto cancelado, segundo a advogada, será impossível atender a exigência da Polícia Civil.
Com a aparência tranqüila mesmo após ter passado três horas em uma delegacia e ter seu passaporte retido, o francês Alain Robert, conhecido mundialmente como homem-aranha, disse na noite de quarta-feira (27) que comemoraria a escalada no Edifício Itália no melhor estilo francês: “com champanhe”.
“Não posso negar que era questão de honra [descer e subir o prédio]. No domingo, tinha muita segurança e eu fiquei frustrado. Tinha vontade de recomeçar”, contou ele, na porta do 3º DP. O sorriso só sumiu quando ele falou da retenção de seu documento, pois tem passagem de avião para França marcada para quinta-feira. “Não entendo por que ficaram com meu passaporte porque o que eu fiz nao é crime”.
O delegado Fábio Matsuo, do 3º DP, disse que o passaporte ficará retido com a polícia até que ele seja ouvido de novo. Segundo ele, a data e o local devem ser definidos pela Polícia Federal. O francês foi autuado por crime de periclitação da vida, que consiste em colocar a vida ou saúde de outra pessoa em perigo.
Na delegacia, o tenente coronel Paulo Adriano Telhada, que ajudou a prender o francês, condenou o feito de Robert. Ele não arriscou só a vida dele. Se cai, acerta outra pessoa. Por isso, é proibido, é um crime, disse Telhada. O policial militar contou que Robert não resistiu à prisão. Ele não é um criminoso, diz. Mas é uma situação complicada. Ele não é um herói, completa.
Telhada revelou ainda que o primeiro chamado no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) dava conta que um indivíduo estaria tentando se jogar do alto do prédio. Só depois, a polícia viu que se tratava do “homem-aranha”. Aguardamos ele subir, cumprir a missão dele, afirma o policial.
Aventura
Segundo a PM, para escalar o Edifício Itália, Robert subiu de elevador até o alto do prédio, onde fica o restaurante, e então desceu pela fachada. Ele chegou a subir de novo escalando e foi detido. A façanha do francês foi rápida para não chamar a atenção dos seguranças. Robert nem teve tempo de usar suas sapatilhas. Subiu e desceu o prédio com as botas de couro que usava.
Durante os cerca de 45 minutos em que ficou a 160 metros de altura, Robert testou sua popularidade. Acenou e riu para a multidão de curiosos que se juntou na calçada da Avenida São Luiz. Assim que saiu escoltado pela polícia, ouviu das pessoas: “solta! Solta!”. “É surpreendente porque passei por 65 países e as pessoas daqui são incríveis”. Quando perguntado como fez para driblar a segurança, Robert riu. “Talvez eu seja mesmo o homem-aranha”.
Ele garantiu que só voltaria a escalar um prédio no Brasil se tivesse autorização ou se recebesse um convite que envolva um projeto em que possa ajudar pessoas carentes. Em agumas de suas ações pelo mundo, Robert afirma conseguir reunir fundos para auxiliar os pobres.