Humberto Braz se entrega à PF
Ex-presidente da Brasil Telecom Participações, controladora da Brasil Telecom, Braz é acusado de oferecer US$1 milhão a um delegado federal para tentar interromper as investigações contra o banqueiro Daniel Dantas, de quem é assessor.
Nas imagens, realizadas com autorização da Justiça Federal, o empresário aparece ao lado de Hugo Chicaroni, preso semana passada, quando admitiu ter sido pago por pessoas ligadas ao Banco Opportunity para subornar o delegado.
Ao contrário de Chicaroni, que permanece detido em cela individual na custódia da PF por determinação da Justiça Federal, Braz foi transferido para o CDP no início da tarde. Ele foi preso preventivamente. O vídeo em que os dois são flagrados oferecendo propina faz parte do inquérito policial da Operação Satiaghara, deflagrada na última terça-feira.
Advogados entram com pedidos de habeas corpus
Com uma autorização do juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, o delegado assediado por Braz e Chicaroni fingiu aceitar o dinheiro. Parte do suborno chegou a ser paga. O restante da propina, R$1,28 milhão em dinheiro vivo, foi apreendido no apartamento de Chicaroni semana passada.
Em depoimento dado à polícia, Chicaroni confessou que recebeu R$865 mil de pessoas do Opportunity. Ele garantiu que o dinheiro era parte da quantia a ser entregue ao delegado.
– A transferência (de Braz) é um ato de represália da polícia. Já acionamos o departamento de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – disse o advogado do empresário, Renato de Morais.
Ele disse que seu cliente nega o crime:
– Ele nega peremptoriamente ter corrompido ou forçado alguém a corromper quem quer que seja. Aliás, não entendi por que a polícia não divulgou o áudio do encontro em que aparece meu cliente.
Morais explicou ainda que deu entrada ontem com um pedido de extensão do habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ao banqueiro Daniel Dantas, na sexta-feira.
– São duas pessoas que se encontram na mesma situação jurídica, por isso cabe o pedido de extensão do habeas corpus – afirmou ele.
Segundo o advogado, Braz não se entregou antes porque preferiu tomar ciência das acusações.
– Algumas pessoas o aconselharam a se entregar no domingo porque, assim, evitaria mais constrangimento.
O advogado de Chicaroni também entrou ontem com pedido de habeas corpus no STF para que seu cliente responda às acusações em liberdade. A tarefa de julgar a ação é do presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, que ainda não tinha decidido o futuro de Chicaroni e Braz até as 20h de ontem.
Na semana passada, Gilmar Mendes concedeu o mesmo benefício a outros 22 investigados na mesma operação que tiveram mandado de prisão decretado. A decisão provocou polêmica entre Mendes e De Sanctis. Até ontem, Chicaroni e Braz eram os únicos presos remanescentes da operação.