Inquérito contra Paulinho
O pedido de investigação foi feito pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, a partir da apuração da Polícia Federal e do Ministério Público em São Paulo na Operação Santa Teresa. Paulinho é acusado pela polícia e pelo Ministério Público de receber propina na intermediação para liberação de empréstimos do BNDES a empresas e prefeituras em São Paulo. O inquérito será relatado pela ministra Ellen Gracie, que decidirá se aprova, ou não, as diligências já pedidas por Antonio Fernando para aprofundar as investigações.
Em casos como esse, o procurador-geral costuma pedir a quebra do sigilo bancário e fiscal dos acusados. O acesso às contas é considerado um mecanismo imprescindível para checar indícios de recebimento de dinheiro de origem ilegal. Mas, como o caso tramita em segredo de Justiça, a procuradoria e o STF não revelam o conteúdo das decisões judiciais.
MPF entregou CD com provas contra deputado
Antonio Fernando fez o pedido de abertura de inquérito ao STF na quarta-feira, cinco dias após receber do Ministério Público de São Paulo um CD com um relatório de duas mil páginas sobre a Operação Santa Teresa, da PF. O procurador analisou os documentos e formalizou o pedido de investigação em tempo recorde, para ganhar tempo diante dos rumores de que Paulinho poderia renunciar ao mandato para escapar de um processo de cassação na Câmara. Segundo a Procuradoria Geral, a autorização do STF foi automática.
Nome de deputado aparece em gravações telefônicas
Segundo a polícia, o nome de Paulinho foi citado nas conversas de integrantes do esquema de cobrança de propina para facilitar a liberação de verbas do BNDES. O deputado foi mencionado até mesmo quando supostos cúmplices discutiam a partilha de uma comissão de R$4 milhões paga em troca da liberação de um financiamento de R$124 milhões para a prefeitura de Praia Grande (SP).
O deputado nega qualquer envolvimento com as supostas fraudes e diz que não vai renunciar ao mandato. Segundo relatório da PF enviado à Justiça, há muitas provas contra Paulinho. “Com relação às autoridades, deputado federal Paulo Pereira da Silva e prefeito Alberto P. Mourão (de Praia Grande), ficou clara a participação destes na organização criminosa… Destaca-se que só conseguimos ter certeza do envolvimento após a realização das buscas que foram fundamentais para lastrear as informações obtidas através das interceptações telefônicas”, diz o documento da PF.