Interpol escolta Cacciola

8 de julho de 2008 10:42

 Posso garantir que a partir do momento em que as autoridades francesas autorizarem nosso pedido e liberarem a guia de trânsito, entre 48 e 72 horas ele estará de volta  afirmou ontem o chefe da Interpol (Polícia Internacional) no Brasil, Jorge Pontes, delegado da PF e responsável pela operação.

Desde ontem, seis federais (dois delegados e quatro agentes) estão de prontidão para cumprir a missão que agora só depende do governo francês.

Mais burocracia
A autorização para a extradição de Cacciola chegou ontem à embaixada do Brasil em Paris, mas ainda é necessário cumprir uma demorada burocracia no judiciário da França.

O Ministério da Justiça teve de encaminhar, junto com o pedido de autorização para que os policiais brasileiros possam transitar com Cacciola no país, a decisão sobre a extradição e, pelo menos, dois documentos que já haviam sido encaminhados ao Principado de Mônaco para sustentar o pedido de extradição: a íntegra da sentença de condenação da 6ª Vara Criminal Federal do Rio e cópia do mandado judicial que resultou na prisão do ex-banqueiro, no dia 15 de setembro do ano passado. Traduzida para o francês, a documentação já foi entregue à embaixada brasileira na França. A PF e o Ministério da Justiça manterão em sigilo a resposta da polícia francesa para executar secretamente a operação.

Até chegar ao Rio, onde o banqueiro será apresentado à 6ª Vara Criminal, há ainda dois obstáculos a serem cumpridos pela polícia: o translado de 20 quilômetros do Principado de Mônaco ao Aeroporto de Nice  cujo meio de transporte só será definido na hora  e o o longo período em que o ex-banqueiro terá de ficar em território francês até embarcar para o Brasil. A PF já requisitou celas de permanência nos dois aeroportos, mas terá de ficar o tempo todo ao lado do ex-banqueiro, sem auxílio de escolta da polícia francesa, que se limita a expedir a guia de trânsito.

 Como Mônaco é um enclave no território francês, a operação precisa ser triangulada. Não há outro jeito de tirá-lo sem passar pela França. E não é simples andar por outro país com um cidadão algemado  diz o delegado Pontes.

Pela Itália
A outra alternativa seria fazer o translado pela Itália, mas o Ministério da Justiça não quer nem ouvir falar nessa hipótese: Cacciola é cidadão italiano, o país não tem acordo de extradição com o Brasil e foi justamente para lá que ele fugiu, em 2000, depois de ser solto por liminar do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).

 Estamos preparados para agir conforme as regras e situações. Nossa missão é entregá-lo ao juiz e vamos cumpri-la, como fizemos em muitos outros casos  garante o chefe da Interpol.