Investigações complicam o PTB

10 de agosto de 2007 12:18

Em três listas sobre o esquema de propinas distribuídas por fornecedores, onde estão os nomes do ex-chefe do Departamento de Compras e Administração de Material Maurício Marinho e do ex-diretor Fernando Godoy – assessor do ex-diretor de Administração Antônio Osório Batista – estão discriminadas as porcentagens recebidas pelos ex-funcionários dos Correios e a inscrição agrem que, segundo o Ministério Público, é uma referência à agremiação petebista.

Os detalhes também foram confirmados em depoimento pelo próprio Marinho, que teria esclarecido a destinação dos recursos. Dois anos e um longo processo de investigação depois, os procuradores analisam a possibilidade de, nos próximos dias, denunciar Roberto Jefferson no inquérito.

A lista com os nomes dos servidores envolvidos em corrupção e uma recomendação de abertura de processos administrativos para punir os suspeitos na ECT foram entregues ontem ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, e ao presidente da estatal, Carlos Henrique Custódio, por quatro procuradores que acompanham o inquérito aberto em 2005 e as investigações que resultaram, na semana passada, na prisão de cinco pessoas – dois funcionários dos Correios e três empresários – durante a Operação Selo, da Polícia Federal.

O ministro foi pessoalmente ao Ministério Público para se inteirar da operação e saiu de lá com cópias de depoimentos e de todos os documentos, incluindo as transcrições e áudios dos grampos telefônicos que ampararam as prisões na semana passada. A ação da Polícia Federalresultou no afastamento do diretor de Operações dos Correios, Carlos Roberto Samartini Dias.

O Ministério Público e a Polícia Federal separaram as investigações que apontam os Correios como endereço de um dos maiores esquemas de corrupção infiltrados na administração pública. O chamado inquérito-mãe foi aberto em 2005, depois de divulgadas as imagens de Maurício Marinho apanhando uma propina de R$ 3 mil – gravadas por arapongas contratados pelo empresário Arthur Wascheck Filho.

As investigações remontam a 2002 e demonstram que “dezenas de milhões de reais”, em porcentagens criadas em cima de contratos bilionários, foram desviadas através de fraudes sistemáticas em licitações e conluio entre empresas, com a conivência de servidores. O material mostra também que os Correios funcionam como um feudo dos partidos de sustentação do governo Lula. Um dos investigados era o diretor de Tecnologia da estatal, Eduardo Medeiros, que pertence ao PT. Mas havia também diretores ligados ao PMDB e ao PP.

No curso das investigações, foi descoberta uma quadrilha, que apenas substituiu a anterior. O elo entre os dois esquemas vem a ser Wascheck Filho, libertado anteontem à noite depois que a Justiça Federal recusou o pedido de prorrogação da prisão no qual o MP argumentava que o empresário, livre, poderia obstruir as investigações. A conclusão das apurações deve ser anunciada nos próximos dias com a denúncia de mais de 20 pessoas, entre empresários e funcionários dos Correios, que devem ser acusados por corrupção, formação de quadrilha, fraude e peculato. É nesse grupo que Jefferson está sendo investigado.

Os procuradores analisaram a suposta influência de Jefferson nos Correios e a relação entre o partido e as empresas fornecedoras citadas. Procurado através de sua assessoria, o ex-deputado não quis falar sobre as investigações.