Jobim tenta, mas não emplaca seu aliado na PF

6 de setembro de 2007 11:01

Há cerca de três semanas, Chelotti ligou para o delegado José Geraldo Araújo, superintendente da PF no Pará, que acabara de assumir o posto depois de comandar a regional de São Paulo. Com mais de 30 anos de serviço, ex-adido na Colômbia, ele é considerado um dos delegados mais experientes da instituição.

Conforme a Folha apurou, em um telefonema, Chelotti, que é amigo de Jobim e foi diretor da PF quando o ele ocupava a pasta da Justiça, disse ao colega que o ministro da Defesa tinha intenção de promover uma aproximação entre as ações de sua pasta e a PF. Daí surgiu a sondagem.

Procurado pela Folha, Araújo respondeu: “Não confirmo nem desminto”. A abordagem ocorreu há cerca de três semanas, quando Araújo foi destacado para conduzir um processo em Brasília.

A gestão de Jobim no Ministério da Justiça, de 1995 a 1997, durante o governo Fernando Henrique, coincidiu com a de Chelotti na direção-geral da PF (1995-1999). Chelotti, que é delegado aposentado e hoje advoga, nega oficialmente a consulta ao colega. “Isso é totalmente inverídico. O Geraldo é meu amigo. Eu o convidei para tomar um vinho. O Nelson é ministro da Defesa, não da Justiça. Ele não se imiscuiria em área do ministro Tarso [Genro, da Justiça]”. Jobim estava em trânsito ontem e não foi localizado para comentar o caso.

O episódio tem substância suficiente para se transformar em mais um ponto de choque entre Tarso e Jobim. Ambos têm pretensões eleitorais em 2010 e vêm travando uma disputa pública por espaço no cenário político.

O primeiro choque ocorreu em 26 de julho, um dia depois da posse de Jobim na Defesa, quando o Ministério da Justiça, em parceria com os Procons de Brasília e São Paulo, promoveu fiscalização em aeroportos para checar se as empresas aéreas cumpriam os seus deveres em relação ao consumidor.

Na ocasião, a secretária nacional de Direito Econômico, Mariana Tavares, subordinada a Tarso, afirmou que “o ministro, no que se refere à defesa do consumidor, entendeu que as medidas da Anac [órgão ligado à Defesa] foram insuficientes e decidiu ser mais enérgico”.

Em agosto, Jobim venceu Tarso ao conseguir emplacar no STF o ministro do Superior Tribunal de Justiça Carlos Alberto Direito. Direito tomou posso ontem na vaga de Sepúlveda Pertence. Tarso o considerava conservador, e defendia o advogado Roberto Caldas.