Juiz que combateu máfia italiana defende autonomia para polícia judiciária

20 de maio de 2013 14:20

Durante passagem pelo Brasil,  o juiz italiano Roberto Scarpinato afirmou que a polícia judiciária brasileira precisa de autonomia para enfrentar a criminalidade organizada.

Scarpinato ficou conhecido pela Operação Mãos Limpas, que debilitou a máfia italiana e fez entrar em colapso um esquema de fraudes no sistema partidário do país. O magistrado afirmou que, diferentemente do que ocorre no Brasil, na Itália a atuação da Polícia Judiciária é independente, com o controle feito pelo Judiciário e não pelo Executivo.

No Brasil, as atribuições de Polícia Judiciária são de competência das polícias Civil, subordinadas ao Poder Executivo dos estados, e da Federal, comandada pelo Executivo Federal.

Para conter a criminalidade organizada na Itália, Scarpinato destaca a criação de um corpo de magistrados e de uma polícia altamente especializados, assim como a elaboração de uma legislação apropriada.

“Não se pode combater o crime organizado com as mesmas leis e as mesmas regras que valem para uma associação delinquencial simples, como quadrilhas e bandos, por exemplo. Para se combater um cancro, não se pode usar o mesmo remédio para se combater um problema estomacal comum”, comparou.

Além de penas mais rigorosas, o regime de detenção também é diferenciado para o crime organizado na Itália. Segundo o magistrado, não há visitas íntimas e o contato com o mundo exterior ao presídio é reduzido. Todas as conversas entre presos e visitas, com exceção dos diálogos com os advogados, são gravadas.

 

|APROVADO. Scarpinato visitou a Unidade de Polícia Pacificadora do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, e elogiou a iniciativa brasileira