Lava Jato apura contatos de Odebrecht com Palocci, o Italiano, desde 2004
A Polícia Federal reuniu mensagens de e-mail no pedido de prisão do ex-ministro Antonio Palocci, alvo central da 35ª fase da Operação Lava Jato, coordenada pelo Delegado Federal FilipeHille Pace, que indicam o 'relacionamento' de Marcelo Bahia Odebrecht com 'Italiano' – codinome usado para identificar o petista na empreiteira – desde 2004, quando ele era titular do Ministério da Fazenda, no governo Lula, noticiou esta terça-feira (27/09) o jornal Estadão (http://zip.net/bsttxJ).
A 35ª fase da Lava Jato, Operação Omertà, apontou o ex-ministro como responsável pelo recebimento de pelo menos R$ 128 milhões em propinas para o esquema do PT na Petrobrás e em outras áreas. A Polícia Federal também descobriu um e-mail, de 10 de maio de 2004, no qual a Odebrecht encaminhou para sua secretária descrevendo "notas direcionadas a Emilio Alves Odebrecht (EAO) e Pedro Novis (PN) para temas que deveriam ser tratados por eles com Italiano, envolvendo obras, liberação de recursos do Orçamento Geral da União (OGU) e programas de saneamento relacionados provavelmente relativos a liberação de recursos via Caixa Econômica Federal".
A PF sustenta que o petista teria atuado em favor do grupo na liberação de financiamentos do BNDES para Angola, na África, onde eles executariam obras. Ele ainda é acusado de defender interesses em contratos de construção de navios-sondas para exploração de petróleo em alto mar, para edição de uma medida provisório em benefício do grupo econômico e no bilionário projeto de construção de submarinos para as Forças Armadas.
De acordo com o portal Metrópoles (http://zip.net/bxtvd4), ao longo da Operação Lava Jato os investigadores da PF descobriram que a Odebrecht criou um departamento dedicado ao pagamento de propinas: o Setor de Operações Estruturadas. Nos documentos dessa divisão, os destinatários dos recursos ilegais eram identificados por codinomes. O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) era chamado de “Alcoólico”. Nem todos os apelidos, no entanto, foram identificados. O mais recente personagem surgiu justamente das apreensões feitas no âmbito da 35ª fase da operação. Ele é o "Diplomata" de Brasília. Entre os arquivos que foram recuperados pela PF, há duas citações ao "Diplomata" como receptor de "solicitações especiais" do setor de propinas da Odebrecht.
O Estadão noticiou ainda que a única delatora da Odebrecht até aqui, Maria Lúcia Tavares, relatou a Polícia Federal o passo a passo da rotina das propinas pagas pela empreiteira (http://zip.net/bfttcd). Presa em fevereiro deste ano na Operação Acarajé, outra fase da Lava Jato, Maria Lúcia fez acordo de cooperação em troca de sua liberdade e de um possível perdão judicial. O Delegado Federal Filipe Pace, destacou a ‘coragem’ da ex-secretária do alto escalão da Odebrecht em delatar o setor secreto de propina da empreiteira. “A colaboradora Maria Lúciafoi a única até o momento a ter coragem de quebrar o silêncio que impera na Odebrecht. A colaboração dessa pessoa foi muito importante não só pelo fato de ela descortinar e demonstrar para a gente o modo de atuação do Setor de Operações Estruturadas”, declarou.
Em outra reportagem, o portal Metrópoles (http://zip.net/bqtvjb) mos-trou que a Operação Omertà identificou relações do lobista Milton de Oliveira Lyra Filho, ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com recebedores de propinas da Odebrecht, cujos nomes constam nas planilhas do Setor de Operações Estruturas da empreiteira – o 'departamento da propina'. “Em uma dessas oportunidades, o terminal telefônico de Milton Lyra foi fornecido como contato para o Setor de Operações Estruturadas”, disse o Delegado Federal Filipe Pace. Milton Lyra é um empresário conhecido em Brasília. Há alguns anos, comanda o empreendimento comercial Meu Amigo Pet, uma rede de produtos para animais de estimação que atua na internet e também com lojas físicas. Bem relacionado com vários políticos, Milton aproximou-se de Renan Calheiros há cerca de 10 anos.